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Aramis

Rurais

Nunca é demais insistir na (imediata) necessidade de reavaliar a música não urbana, nascida das manifestações populares e com um crescente público. Há vários aspectos que merecem ser anotados, inclusive a atenção que etiquetas criteriosas, como a Eldorado e a Bandeirantes vêm dando a área - com a edição de elepes como "Raízes/Frutos", magnifico álbum duplo, ou "O Fino do Sertão", respectivamente. Uma etiqueta que baseia-se especialmente na representação internacional como a Top tap, surpreende editando um excelente lp intitulado "Forró do Chapéu Virado", com o clarinetista Hélcio Jardim Brenha, 43 anos, maranhense de São Bento, músico desde os 13 e a partir de 1959 no Rio de Janeiro. Instrumentista de larga quilometragem, inclusive viagens ao Exterior e há 15 anos com uma orquestra de frevos, Helcio não fica só no rural. Neste elepe, mostra deliciosas composições próprias como "Cavalo Domado", "Bebo Pinga", "Chulé do jacaré", além de gravar outros temas instrumentais conhecidos como "Saxofone Por Que Choras" de Ratinho e "Dia de Comício" de Paulo Moura. Já Jacinto Limeira utiliza o trombone de vara para amparar suas interpretações, mas é também cantor e compositor. Suas músicas estão entre o irônico e o social, como se observa no lp "Pensando Nela" (Uirapuru/CBS), mas buscando também músicas de outros autores como "Cabra Coió" de José Marcolino ou a deliciosa "Pra Minha Economia". O forró é um gênero que vem crescendo não apenas musicalmente mas inclusive em termos de comportamento, principalmente nas cidades que registram grande número de migrantes nordestinos. O acordeonista Zé do Baião em "Pegou fogo no forró"(Bandeirantes/WEA) gravou músicas do acima citado Jacinto Limeira ("Compra Quando Pode"), ao lado de outros autores nordestinos especialmente Messias Holanda ("Chuva Malvada", "Mariá"), Genival Lacerda ("Filha de Mané Bento") e outros. Em todas estas músicas sente-se o toque de humor e animação, características de autores nordestinos. A mesma Bandeirantes Discos, em sua séria "O Fino do..." já com dezenas de elepes lançados, criou o grupo Asa Branca para interpretar uma antologia de clássicos do gênero: "Kalu", "17 légua e meia", "O Vendedor de caranguejo", "Sabiá lá na gaiola", "Juazeiro", "Macapá", "Penha" entre tantos outros. Mas nem só de Luiz Gonzaga e de clássicos do gênero vive o baião. Por isto a Odeon, em seu selo Jangada, colocou uma produção de Fernando Borges para apresentar Jorge de Altinho como "o Príncipe do Baião" - título que nos anos 50 era de Luís Vieira, quando o rei já era Gonzagão, a rainha Carmélia Alves e a princesinha, quem diria, Claudete Soares (uma excelente cantora, há anos longe dos discos).ato
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
30
16/11/1980

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