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Aramis

Sanepar, um exemplo de irritação pública

Não foi sem razão que o engenheiro Didio Rocha Loures pediu demissão da presidência da Sanepar. Reconhecidamente um administrador que deixou a marca de sua competência em vários cargos importantes que já ocupou - e bem sucedido também empresarialmente, Rocha Loures não conseguiu vencer o dragão da incompetência, burocracia e desmandos que fazem a Companhia de Saneamento do Paraná se tornar, cada vez mais, um sinônimo de estatal negativa. Ainda recentemente, o jornalista Renato Schaitza, em seu estilo corajoso e inteligente, denunciou o verdadeiro escândalo técnico provocado pelo abandono da rede de saneamento em Guaratuba, com prejuízo de milhões de cruzados. Diariamente, se houver disposição de quem deseje apontar falhas, a Sanepar, por certo, oferece pratos cheios. Um exemplo que testemunhamos pessoalmente - e ao qual, portanto, nem adianta desculpas e justificativas oficiais. Há três semanas, sem dar a menor explicação prévia, a Sanepar cortou a água de vários quarteirões entre a Praça Rui Barbosa e a Avenida Visconde de Guarapuava. Só após muita insistência, veio a informação: "É para revisão do sistema e não vai faltar água por mais de 24 horas". Setenta e duas horas depois as torneiras continuavam vazias. Finalmente, um técnico (sic) da empresa compareceu a um dos imóveis atingidos (rua 24 de Maio) e fez uma série de alegações: que a bomba estava com problemas, colocada em lugar errado (curioso: quem cuida de sua instalação é a própria Sanepar) e outras abobrinhas. Resultado: abriu uma cratera na calçada, modificou os sistemas e, como resultado, disse: - "Agora a água virá com maior força, mas vai prejudicar o encanamento antigo". - "Bem, então qual é a solução?" - "Não temos nada com isto. O problema agora é seu". Ou seja: a Sanepar corta a água, abre a bomba, faz mudanças e prejudica o fornecimento d'água de um imóvel. Depois, tranqüilamente, lava as mãos. E não fica por isto. Quando indagada sobre a restauração da calçada, defronte o prédio, a resposta chega às raias do absurdo: - "O problema também agora é seu e da Prefeitura. O Sr. deve comunicar a Prefeitura para mandar consertar". - "Mas como? Isto vai implicar em despesas?" - "Não queremos nem saber. O problema agora não é nosso". Com atitudes como estas - e possivelmente devem existir centenas (ou milhares) de casos parecidos, uma empresa estatal que deveria merecer a confiança e credibilidade dos contribuintes, faz com que a população passe a odiar cada vez mais os serviços públicos. Atendendo pessimamente os usuários, cobrando taxas que aumentam a cada mês, burocratizando qualquer serviço, e simplesmente deixando os proprietários as voltas com problemas e despesas que poderiam serem evitadas se houvesse a mínima boa vontade de seus servidores e técnicos (sic). E este pessoal ainda fala que ganha mal e ameaça greve!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
08/06/1989

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