Simone, superstar, superexigências e pouco brilho
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de maio de 1986
Socialmente, um sucesso. Artisticamente, nem tanto. A apresentação da cantora Simone, na noite de sexta-feira no Curitibano - no baile de encerramento da Olimpic, a grande realização esportiva na administração Constantino Viaro - mostrou que a superstar continua com suas manias de estrela e, musicalmente, sem o calor, o entusiasmo que a fez, há 10 anos, surgir com tanta força.
xxx
De princípio, mil e uma exigências. Ford Landau para ir buscá-la no aeroporto. Suíte com muitos detalhes. No palco, uma "cerquinha" para afastar o público - confundindo a cantora um ambiente refinado como o Curitibano com um ginásio de esportes. Afinal, ninguém estava interessado em se aproximar da superstar. Duas mesas de som - e nem por isto a qualidade sonora foi boa. Ao contrário. Aboletados na mesa de som um técnico e três "amiguinhas" - todas trajadas de forma hippie - parece que andaram se enganando nos controles e por 4 vezes houve microfonia - quase fazendo Simone perder a paciência.
Um repertório repleto de sucessos de seus lps não foi o suficiente para aquecer o público. Discretas palmas na primeira hora. Depois, um pouco mais de entusiasmo - mas mesmo assim, no salão superlotado pouca gente aplaudia. No final, a generosidade de pedir um número extra, esbarrou com a antipatia da cantora que se recusou a voltar ao palco. Preferiu atender alguns fãs, que tiveram acesso ao camarim após passar pela sua gorda segurança. Antes do espetáculo, ela não quis receber nem a diretoria. Aliás, o presidente Constantino Viaro também não fez questão disto. O empresário da cantora também criou problemas com a documentação do espetáculo em vídeo-tape para o acervo do clube.
xxx
Cz$ 22 mil cruzados para um show de pouco mais de uma hora. Frio e distante. É muito dinheiro para pouca emoção. Melhor investir um pouco mais e trazer - pela primeira vez ao Paraná - Antônio Carlos Jobim e seu grande espetáculo. Este sim, vale o que cobra. E, humilde, simples, não faz tantas exigências de produção.
Enviar novo comentário