A sinceridade no livro-documento
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de fevereiro de 1988
Samuel Wainer sempre foi basicamente um repórter. Começou escrevendo na "Revista Brasileira", "uma espécie de livro editado mensalmente com mais de 300 páginas", em 1933 - do qual sairia, algum tempo depois, para fundar a "Revista Contemporânea", que teve em Caio Prado Jr. (fundador e dono da Editora Brasiliense), um dos primeiros financiadores. Seria, entretanto, "Diretrizes", cujo primeiro número circulou em março de 1938, que consagraria Samuel Wainer como editor e repórter, fazendo uma publicação ágil para a época - chegando inclusive a periodicidade semanal por algum tempo. Pela sua linha nacionalista, combatendo, da forma que podia, o Estado Novo, "Diretriz" chegou até o número 152 sob o comando de Samuel Wainer - mas que acabou sendo obrigado a exilar-se nos Estados Unidos, quando o Departamento de Imprensa e Propaganda, no governo Getúlio Vargas, fez as pressões contra Wainer chegarem ao ponto máximo - de forma que preferiu ter sua primeira experiência no Exterior, onde também se daria bem como correspondente - tanto nos Estados Unidos, como, mais tarde, na Europa, após a Guerra.
De volta ao Brasil, de repórter especial dos Associados (foi inclusive diretor de redação de "O Jornal"), chegando a "Última Hora", Samuel Wainer, mesmo após ter vendido a "Última Hora" do Rio de Janeiro, não deixou a imprensa. Em 1971, fundou a revista "Domingo Ilustrado", editada pela Bloch. Entre maio/73 a janeiro/75, numa comovente demonstração de humildade, foi redator-chefe da "Última Hora" paulista, então sob o controle do grupo "Folhas". De novembro de 1975 a outubro de 1977, Samuel concentrou seus múltiplos talentos na tentativa de consolidar o semanário "Aqui São Paulo", e entre 1978 a 1980, foi editor assistente da Carta Editorial da Editora Três, espalhando seus textos, conselhos e ensinamentos por diferentes publicações. Também nos últimos três anos de sua vida - a partir de junho de 1977 - teve um espaço na página dois da "Folha de São Paulo", assinando seus artigos com suas iniciais - SW. Samuel Wainer morreu em São Paulo em 2 de setembro de 1980. Tinha 68 anos de idade.
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