Sociologa Musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de julho de 1976
Odair José representa dentro do catálogo da Phonogram uma das maiores receitas. Com suas músicas apelativas, aparentemente de preocupações moralistas-sociais ("Pare de Tomar a Pílula", "Quero lhe Tirar Deste Lugar" etc.) atinge uma faixa de público que, na Odeon, por exemplo, é dividida entre Agnaldo Thimóteo e Altemar Dutra, na Copacabana por Nelson Ned, para ficar em apenas dois exemplos. Os discos de Odair José pouco se diferenciam, mas todos atingem a mosca do alvo do departamento comercial: vender acima dos 150 mil exemplares. E enquanto isso for mantido, continuará a ter um tratamento especial na gravadora. "Histórias e Pensamentos" (Polydor, 2451075, junho/76), pouco acrescenta à sua fonografia anterior: 9 músicas próprias (em todas aparecendo parceiros: Katia, Marcio, Silva Filho, Nelson Motta, Maxine, Ramos etc.) onde Odair começa falando em "O Parto" e acaba até dedicando uma música a uma música que, há 12 anos, fez chover na roça de Juca Chaves: "Ana Maria". Há 3 músicas de outros autores: "Nosso Amor é Lindo" de José Messias, "Forró de Ipanema", de David Lima - Sabreira Batera e "Nosso Amor Pediu Tempo2 de Joper-Pinga. E como não convém confiar apenas em um artista para a faixa "b" e "c", a Phonogram trata de preparar outros cantores. Assim, Balthazar (?), depois de emplacar com seu primeiro compacto e vender bem com o elepê, ganha um novo longa-duração - que, como nos conta, o Roberto Berro, já vendeu mais de 100 mil cópias. "Se Eu Parar de Cantar" é o título deste disco que Balthazar, onde o esquema é idêntico ao dos elepês de Odair José ou Cesar Sampaio: letras capazes de permitirem uma fácil identificação das camadas ingênuas do público, que desejando uma ascenção social, mas não possuindo (in)formação suficiente para absorver uma música de melhor qualidade, garantem que Balthazar continua a cantar ...e a vender. Pois, em termos artísticos, se ele parasse de cantar nada aconteceria.
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