Um filme alado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de julho de 1976
"Fernão Capelo Gaivota" (cine Bristol, 2ª semana) é o exemplo do filme que começa a conquistar a simpatia de uma faixa mais significativa do público a partir dos seis primeiros dias de exibição. A recomendação pessoal, o impacto que a lírica obra de Richard Bach provoca nos espectadores de maior sensibilidade, começam a funcionar em cadeia e, dia a dia, as rendas do cinema aumentam. Provando que nem só pornochanchadas - tupiniquins ou alienígenas - agradam ao público.
Ainda bem!
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Se "Um Estranho no Ninho", em 7 semanas faturou mais de meio milhão de cruzeiros, atraindo uma extensa faixa de público que habitualmente não comparece aos cinemas - preferindo o conforto da televisão, isso significa que o espectador vai ao cinema quando o filme interessa realmente. É claro que não se pode pretender que "Jonathan Levington Seagull" vá conseguir o mesmo sucesso, mas não deixa de ser um filme altamente recomendável.
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Acusado pelos críticos mais radicais de tentar ser um novo Antoine Saint Exupery, o também piloto Richard Bach desenvolveu no político e profundo "Fernão Capelo Gaivota" uma alegoria muito feliz sobre a liberdade, o amor e a compreensão, numa linguagem que, para muitos, se aproxima da doutrina kardecista. Best-seller em vários países, o seu livro teve uma difícil mas feliz transposição cinematográfica por Hall Bartlett. Sem uma única aparição de atores, utilizando apenas gaivotas, Bartlett conseguiu fazer um filme de muito ritmo e cujos méritos devem ser, obrigatoriamente, creditados principalmente a equipe técnica que possibilitou as filmagens aéreas, tanto é que nos créditos é destacado o nome do piloto do helicóptero de onde foram feitas a maioria das [seqüências] e, principalmente, dos cinco domadores de pássaros - Kay Berwick, Gary Gero, Kathew Place, James e Brian Callahan, que, à custa de muitas horas de demorados treinamentos, conseguiram obter das gaivotas os movimentos necessários à montagem da estória.
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Some-se a isso uma prefeita trilha sonora de Neil Diamond, com canções exatas e necessárias para ajudar a passar ao espectador toda a intenção da obra. Músicas bonitas, editadas em elepê pela CBS, mas aqui lançado em 1973 - ano da produção do filme - e hoje fora de catálogo.
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