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Aramis

Conjunto

Dentro da música instrumental brasileira nos últimos 15 anos, o Zimbo Trio ocupa uma posição especial. Formado em 1964, do encontro de três excelentes instrumentistas - Hamilton Teixeira de Godoy (Bauru, 2 de março de 1941), Rubens Alberto Barsotti (São Paulo, 16/10/32)9 e Luiz Chaves (Belém do Pará, 27/8/31), o Zimbo tem conseguido se manter unido, há 12 anos, superando divergências ocasionais, períodos de maior ou menor criatividade. Aparecendo em São Paulo, numa época em que o Tamba Trio ainda influenciava toda a música instrumental e quando existiam muitos pequenos conjuntos o Zimbo Trio conseguiu entusiasmar com o seu estilo jazzístico, mas sem perder as raízes afro-brasileiras, a partir do próprio título escolhido. Seus três primeiros lps na RGE, foram grande sucesso em vendagem e, em termos críticos tiveram ótima acolhida. Requisitados para trabalhos e gravações com as melhores vocalistas - Maysa, Elizeth Cardoso e Elis Regina (todos estes encontros devidamente registrados em discos), a partir de 1967 o Zimbo passou a procurar novas formações: "É tempo de Samba" (RGE 5.312, 67), somou cordas; "Decisão" (RGE 5.331, 1969) fundiu metais (4 pistões, 4 trombones, 3 flautas e trompas), para, finalmente, na estréia na Philips (1971, lp 6349004), somarem ambos, ("Zimbo strings and brass plays the hits") com um repertório comercial, longe dos dias de criatividade verde-amarela de 64/65. Abertura para o campo clássico, na diluitiva forma já por muitas vezes utilizada (Swingle Singers, Waldo De Los Rios, Play Bach etc.), registrada em dois discos (Opus Pop, volumes 1 e 2 1972/73), vendeu muito, mas não trouxe o grupo de retorno ao seu público mais fiel. O mais lamentável, porém, foi o elepê comemorativo aos 10 anos ("F.M.", Philips, 6349109). Apesar da sofisticação da capa (prateada) e do bom repertório escolhido, o disco não passou do que o próprio título dizia: música para rádios de [freqüência] modulada. Interrompendo o esquema de shows - que os levou do Japão a Pindamonhagaba, durante 8 anos de intensos compromissos, o Zimbo criou uma escola de música, em são Paulo, de moldes revolucionários que permitiu ao grupo retornar a estudos de maior profundidade, uma fixação na cidade e salutar interrupção de mais de um ano em termos de regravação. Retornando agora a RGE, por onde fizeram seus primeiros discos, o Zimbo gravou um elepê que o reconciliará, temos certeza, com os mais exigentes consumidores. Para isso, Amilton, Chaves e Rubinho convocaram dois outros excelentes instrumentistas - o saxofonista Hector Costitae o violonista Heraldo do Monte, selecionaram apenas oito temas e com ampla liberdade mostraram um trabalho sem as preocupações de vender 100 mil cópias, que tanto vinham prejudicando seus últimos discos. Ao lado dos nunca negados méritos de Chaves no baixo Amilton ao piano e Rubinho na bateria, a força deste novo disco do Zimbo (RGE 303.0033, junho/76) é devida, em grande parte, a novidade que se constitui no sax de Costitae e, principalmente, no violão brasileiríssimo de Heraldo do Monte, que ao lado de Theo Hermeto e Airton Moreira, fez parte do histórico Quarteto Novo. A soma destes cinco talentos individuais, mais um repertório de grande energia - dos quais duas músicas de Milton Nascimento "Fé Cega Faca Amolada" e "Viola Violar", que abrem ambas as faces do elepê, fazem deste um dos bons discos instrumentais do ano.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
28
18/07/1976

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