Clássicos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de julho de 1976
OS CONCERTOS DE BRANDENBURG - Na obra de Johann Sebastian Bach (1685-1750), os concertos de Brandemburgo ocupam um lugar maior, embora seja difícil dizer o que é melhor na obra deste compositor que praticamente realizou tudo que era possível em termos de criação musical. E, nas milhares de gravações de sua obra, sempre descobre-se novos motivos de encantamento. Os seis concertos de Brandemburgo foram compostos por Bach durante sua estada em Cothen, a serviço do príncipe de Anhalt-Cothen, um diletante de grande cultura que, segundo as próprias palavras de Bach, não só gostava como entendia de música. Em Cothen dava-se grande destaque à música instrumental secular, com participação muito provável do próprio príncipe. E sem dúvida, Bach teve muitas possibilidades de cultivar este gênero musical durante sua permanência no principado, de 1717 a 1723.
A já extensa relação de gravações dos seis concertos de Brandenburgo, existentes a disposição do público brasileiro, acrescente-se agora mais um: com a orquestra de Câmera da Ópera de Viena, sob a regência de Felix Prohaska. Em dois volumes (Vanguard/ Copacabana, BALP 40573/74, junho/76), temos esta belíssima edição. Participaram das gravações os seguintes músicos: Jan Tomasow (violino), Helmuth Wobish (trompeta), Karl Thotzmuller e Paul Angerer (violas), Karl Mayhofer (oboe), Hanz Reznicek (flauta), Nicolas Harnoncourt e Beatrice Reichert (viola de gamba) e Anton Heiller (cimbalo).
OS CONCERTOS DE VIVALDI - Pouco a pouco, toda a obra de Vivaldi, através de seus melhores intérpretes - o grupo I Musici e o violinista Salvatore Accardo (que, no ano passado, apresentaram-se no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto) está sendo lançada no Brasil pela Phonogram. Aos lançamentos avulsos, que Maurício Quadrio, incansável diretor de projetos especiais vem fazendo há mais de seis anos, somou-se, em 1975, a indispensável a coleção de 17 elepês, vendida em estojos dentro de uma qualidade impecável que caracteriza os projetos especiais da Phonogram. Agora, em edições avulsas, em três volumes temos o integral dos concertos opus 11 e 12, com I Musici e Salvatore Accardo. Nas contracapas didáticas notas sobre estas obras de Antonio Vivaldi (1678 - 1741) e rápidas informações sobre o grupo I Musici (fundado em 1952) e do violinista Accardo (Turim, 1941).
MÚSICA DE HARPA - Três compositores de origem latina, um brasileiro, um italo-americano e um espanhol, estão reunidos numa gravação da Philips (6500812, junho/76) para apresentar três exemplos de música para harpa e orquestra compostos em três diferentes décadas deste século. O mais velho dos compositores é o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Mário Castelnuovo-Tedesco, que fixou residência em Florença e morreu em 1968, em Beverly Hills (Hollywood). Joaquim Rodrigo, o espanhol, é o mais moço dos três (nasceu em 1902, em Sagunt) e é cego desde os três anos de idade. Música para harpa e violão, forma parte significativa na produção de cada um desses compositores - e não há o que se surpreender quando se considera a popularidade desses instrumentos relacionados entre si, na área do Mediterrâneo e na América Latina. Ambos os instrumentos, constituem uma unidade e totalidade na execução expressiva e atmosférica de música especificamente latina, mas foi somente na música e na vida musical de nossa própria época que isso pode ser demonstrado - revelando que a música para harpa (anteriormente considerado um instrumento palaciano) poderia ser "popular", enquanto que a música para violão, por sua parte, poderia ser altamente "aristocrática".
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