Um novo pacote: agora é de rock
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de junho de 1986
Dentro da massacrante edição do rock internacional que vêm marcando este ano coube a CBS, logo no início de 1986, dar o pontapé inicial com o pacotão New Rock Collection - ao qual se seguiram dezenas de outros lançamentos, desde os grupos menos importantes até o Dirty Work, o mais recente Rolling Stones que apareceu no Brasil simultaneamente às edições americana e européia.
Do pacote New Rock Colletion, com exceção da interessantíssima trilha sonora que Wang Chung criou para "To Live And Die in L.A.", novo filme de William Friedkin - e que já registramos há semanas passadas - apenas um ou outro destaque conhecido: "Cut The Crap" com o grupo Clash, que surgiu há três anos e transformou-se numa banda de expressão no mundo punk com o lp "Combate Rock" e chegou também a fazer um álbum duplo de pretensões políticas ("Sandinista"). Este "Cut The Crap" foi o último lp do The Clash antes que seus integrantes se separassem - do quinteto só ficaram Joe Strummer e Paul Simonon que buscam reformar o conjunto. O Clash pelo menos assume a barulheira que faz - o chamado dirty sound: letras agressivas, muito ruído e uma pretensão de conteúdo político-social nos textos.
Eis os demais grupos que a CBS trouxe neste pacote de rock: Nena, grupo alemão, que estreou há apenas 2 anos com a música "99 Luftbaloons". "It's All In The Game" é o seu segundo lp, misturando ritmos de funk-rock, metaleira e sintetizadores futuristas com mechas de sonoridade dos anos 60.
The Alarm se formou em 1981 - nome originário da primeira canção do grupo liderado pelo vocalista Mike Peters. O grupo foi impulsionado abrindo os shows do U-2 por ocasião do lançamento do lp "War". Este "Strenght", que agora chega ao Brasil, é o quarto disco do grupo.
King surgiu no outono de 1984 com o lp "Steeps in Time" e a música que os tornou conhecido nos EUA foi "Love & Pride". Reúne várias influências e "Bitter Sweet" - título do lp que está no pacote da CBS - têm como destaque a faixa "The Taste of Your Tears".
Dead or Alive é uma banda um pouco mais antiga: surgiu no final dos anos 70 sob a liderança do "enlouquecido" Peter Burns, misturando desde a influência do soul dos 60 com o eletro-funk novaiorquino dos 80. E hoje, no lp "Youthquake" arrisca até um som selvagem e erótico.
Wiere Train é um grupo de São Francisco, Califórnia, ex-Renegades. "Between The Words", o segundo lp, combina cozinha rítmica e algumas tentativas melódicas.
Spear of Destiny tem sua origem em "Dirk" e "Stan", dois grupos da pesada do início desta década. Em "World Servive" o grupo diz que procura mostrar o estilo da banda: valores tradicionais (sic) cantados ao som do soul & wave, naipes de matais e rock'roll.
Prefab Sprout foi formado em Newcastle, Inglaterra, também há apenas três anos. Neste segundo lp ("Two Wheels"), o grupo liderado por Paddy McAloon busca mostrar "um sofisticado senso de estética musical, pop & rock & bossa", diz o tecladista Wendy Smith.
O R.E.M. - não confundir com o tupiniquim R.P.M. - começou em 1980, com uma gravação independente e em seu terceiro lp já era o favorito das rádios colegiais americanas. Com "Can't Get There From Here", faixa deste "Fables Of The Reconstruction" conseguiu destaques nas programações.
Big Audio Dynamite é um subproduto da divisão do The Clash, quando o guitarrista Mick Jones decidiu formar sua própria banda. "This Is B.A.D.", gravado há um ano, traz esta violenta banda da linha metaleira e cujos temas são bem apropriados: paranóia, neurose tecnológica, etc.
Lone Justice é considerado e apresentado como o que há de mais "in" no cenário do new-country americano - e tem a vocalista e principal compositora Mary McKee à frente. Segundo o crítico Robert Hilburn, editor do "Los Angeles Times", chegou a comparar McKee a Dolly Parton e Janis Joplin. Pelo menos este grupo tem um rockbilly suave - bem menos ensurdecedor do que a maioria do som da maioria dos grupos deste elétrico pacote.
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