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Aramis

Uma hora feliz para o Nosso Som ir aos EUA

Embora só tenha até agora lançado em CD dois álbuns de seu mais famoso contratado - Hermeto Paschoal ("Só não Toca quem não Quer" e "Hermeto Solo por Diferentes Caminhos"), e o primeiro álbum de Adylson Godoy, a Som da Gente terá o melhor de seu catálogo de música instrumental, hoje já com mais de 50 títulos produzidos criteriosamente a partir de 1982, editados, parcimoniosamente nos Estados Unidos - além de, diretamente comercializá-los em diferentes formas na Europa. E que em março de 1989, quando Tereza Souza promoveu no Town Hall, em Nova Iorque, com patrocínio do Bamerindus, os dois espetáculos para valorizar a música instrumental brasileira no Exterior, uma pequena - mas das mais atuantes - etiquetas americanas, a Happy Hour, de Los Angeles, fez o lançamento simultâneo de dois discos do catálogo da Som da Gente - o lírico e introspectivo "Longe dos Olhos, Perto do Coração" com o compositor e guitarrista Alemão (o gaúcho Olmir Stocker, que em seus anos de integrante do quinteto Breno Sauer morou em Curitiba, atuando na boite Marrocos) e um dos álbuns de Hermeto Paschoal. Judith M. Wahnon, uma executiva encantadora, dona da Happy Hour, num trabalho cuidadoso, artesanal em sua forma de acompanhar os artistas - o que não é comum na competitiva indústria fonográfica americana - deu um especial atendimento a estas duas primeiras produções, que abriram ao Som da Gente um novo mercado. Com um pequeno mas selecionadíssimo catálogo, a Happy Hour tem produtos da melhor qualidade, como "Paul Garcia Presents The Alumni Tribute to Stan Konton", no qual uma big band, formada em 1987, reuniu standards consagrados pelo compositor, maestro e pianista Stanley (Stan) Newcomb Kenton, que aos 78 anos é um dos últimos band-leaders da época dourada da música americana. Neste CD - possível de ser conseguido em lojas que trabalham com discos importados - há preciosidades com Pal Gacia, no pistão, mostrando arranjos novos para temas como "What's New", ou, como regente, em novo arranjo de "Stella By Starlight", numa leitura que, 37 anos após a sua primeira gravação, mostra a permanência deste clássico - ou ainda o suave "Autumn in New York", de Vernon Duke (Vladimer Dukelsy, 1903-1969).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
05/05/1990

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