Login do usuário

Aramis

Wando, Magal e outros bregas muito eróticos

Carlos Santos é um brega que deu certo. Cantor, empresário, homem de comunicação e hoje político influente em seu Estado - Pará -, este cantor romântico se tornou um homem rico. Seus discos vendem como pão quente em todo Norte/Nordeste a tal ponto que possui, em seu imenso patrimônio, uma rede de lojas de aparelhos elétricos e de discos. Fez mais! Montou um moderníssimo estúdio onde grava seus discos, distribuídos nacionalmente pela Polygram. Agora, Carlos Santos quer conquistar também o Sul e para isto acertou com Heleno de Oliveira a montagem de um lp - "Só Sucessos/O Amigo do Povo" -, que saiu pela Sigla, ganhando cobertura nacional via Globo. São 14 canções de fácil agrado, com ritmos dançantes - sem faltar a lambada -, que emplacaram já uma boa vendagem. xxx Wando (Wanderley Alves dos Reis, Cajuri, Minas Gerais, 1946) é outro brega que deu certo. Tão certo que é hoje, como Carlos Santos, um dos artistas que mais fatura: seus shows custam milhões e cada novo disco tem vendagens imensas. O esquema musical de Wando não muda - uma linha popular, mas aparentada a de Roberto Carlos. Erótico, insinuante, romântico - cantado especialmente pela faixa das mulheres acima dos 30 anos, leva coroas ao orgasmo - em seus shows. Público feminino não falta e seus discos vendem bastante, como deve acontecer com este seu novo lp (Polygram), com canções cujos títulos já definem o espírito "do sexo sonoro" sugerido - muitas delas de sua autoria, com parceiros ("Nas Curvas do Teu Corpo", "Amor pelo Telefone"), outras só dele ("Carona na Minha Cama"), ou buscando composições identificadas ao seu estilo como "O Nosso Amor de Índio" e "Tenda dos Prazeres" (Altay Velloso), "Eros" (Paulo Debétio/Paulinho Rezende), "Amor Vira-lata" (Gastão Lamounier/Carlos Colla), "Eu, Ela e Você" (Marquinhos/Gilson Mendonça), entre outras. Para garantir maior divulgação das músicas novas, uma jogada habilidosa: no encarte, elas são oferecidas cifradas, para que os violonistas possam aprendê-las rapidamente. xxx Assim como Wando, o atlético Sidney Magal levava balzaquianas a orgasmos e fantasias sexuais quando se apresentava em seus shows, num pastiche de John Travolta, nas ondas de "Os Embalos de Sábado à Noite" (Saturday Night Fever, 77, de John Badham). Alto, bonito, rebolativo, Magal teve mais do que 15 minutos de sucesso: chegou a emplacar alguns milhares de discos vendidos e muitas paixões. Apesar de apresentar-se como parente de Vinícius de Moraes e ter feito até um belo show de MPB em homenagem a João de Barro, o Braguinha, acabou desbancado de seu espaço para outros cantores na roda viva da música de consumo. Entretanto, ainda jovem (deve estar na faixa dos trinta anos) resolveu dar a volta por cima: aproveitou a prancha da lambada e reapareceu no ano passado com um lp pela Polygram, que agora lança uma montagem intitulada "O Melhor de Sidney Magal", misturando versões ("Meu Sangue Ferve por Você/ Melancolie/ Tenho/ Tengo"; Se Te Agarro Com Outro Te Mato"; "Bela Sem Alma"; "Quero Abraçar-me Aos Teus Pés"; Você Me Acende"; "Amante Latino" etc.) com uma das mais belas músicas que Vinícius de Moraes compôs em parceria com Carlos Lyra, em 1962: "Minha Namorada". xxx Ritchie (Richard David Covat, Kent, Inglaterra, 1952), a exemplo de Sidney Magal, é outro artista jovem, good looking, precocemente desgastado em sua imagem. Filho de ingleses, lançado como sensação há alguns anos, também caiu do pódium e vem tentando reerguer-se. O público que o colocou nas paradas há alguns anos, o esqueceu com a mesma rapidez. Mas como a Polygram acredita que ainda há possibilidades, assim lança um lp, "Sexto Sentido", tendo a co-produção e participação do tecladista William Forgheti mais alguns bons instrumentistas (inclusive Leo Gandelman, Chico Baters, Oswaldinho do acordeão, Eddy Maciel) e as vozes de Paulinho Soledade (filho), Ana Lúcia Fortes, Cecília Spyer e Mariza Fossa. Há nove músicas de Ritchie (parcerias com William Forgheti, letras de Bernardo Vilhena, Fausto Nilo). Para abrir o álbum, "Eu e Meu Rádio" (Guerra dos Mundos), com letra de Fausto Nilo, tem uma estrutura interessante. LEGENDA FOTO - Wando: mesmo esquema de canções excitantes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
6
25/11/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br