Airto e Flora , o sucesso em lisboa
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de setembro de 1985
"Diestros". Eis a palavra que o jornalista Manuel Neto, do jornal "O Popular", de Lisboa, encontrou para definir a apresentação de Aito Moreira e Flora Purim na Praça de Touros de Campo Pequeno, na Capital portuguesa, há algumas semanas. Matéria de duas páginas do jornal foi destinada ao espetáculo, promovido pelo Partido Socialista e ao qual esteve presente até Mário Soares, um dos mais entusiásticos a aplaudir Airto e Flora.
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Como parte de um roteiro internacional que cumpriram na Europa, entre junho e agosto (agora o casal está passeando com a filha Diana), Aiirto e Flora fizeram mais de 20 concertos, sempre com excelente público.
Em Lisboa, a apresentação se deu numa praça de touros, para mais de 10 mil espectadores, presentes também nomes de grande popularidade naquele país, mas ilustres desconhecidos entre nós: Lena d'Água (uma cantora sensualíssima, que se apresenta em atraente minissaia), Jorge Fernando Mendes Harmônica Trio, Cidalia Moreira e até um grupo de fados de Coimbra.
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Em linguagem coloquial, assim Manuel Neto definiu a apresentação dos brasileiros (Airto é quase paranaense, já que passou a infância e a adolescência em Curitiba): "Mentiríamos, se não disséssemos que Flora Purim e Airto Moreira foram os "reis" da festa do Partido Socialista. Desde que entraram em palco, até que saíram, os nossos olhos não largaram o casal brasileiro e nossas pernas não pararam de mexer.
"Acompanhados por uma excelente banda
- Tony Moreno (bateria), Jeff Elliot (trumpete), Randall Tico (baixo), David Zeitter (guitarra) e Kei Akagi (teclados) - Flora Purim e Airto Moreira realizaram, no Campo Pequeno, uma "faena" música que não esqueceremos. Desde os blues de Bessie Smith aos êxitos de Chick Corea, até a música folclórica brasileira e africana, passando pelo clássico "Bahia", de Ary Barroso, a excêntrica Flora Purim é um verdadeiro espetáculo. Aliás, não é por acaso que venceu, em quatro anos seguidos, o prêmio da consagrada revista "Down Beat".
"Também Airto Moreira demonstrou toda sua originalidade de notável percussionista que é, improvisando, em ritmos frenéticos, uma linguagem do sexteto musical. E como ele toca os berimbaus, os agogôs, os caxixis e os recorrecos! E os sons universais que ele tirou do pandeiro!
"Notável foi igualmente o tema "Brilho na Escuridão", que Flora Purim dedicou a dois músicos norte-americanos, Ray Charles e Stevie Wonder, e a um porto-riquenho, José Feliciano, lamentavelmente ligados pela cegueira".
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O título da reportagem exige quase uma tradução: "Os "Destros" da música numa faena memorável
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