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Aramis

Aranha contesta tese na defesa de seu tio

O engenheiro-agrônomo Oswaldo Euclydes Aranha, 50 anos, sobrinho do ministro Osvaldo Aranha, residindo em Curitiba há muitos anos como funcionário do Ministério da Agricultura, é também um expert em música erudita. Dono de uma das cinco maiores coleções do estado, pesquisador incansável, produz vários programas na Rádio Estadual do Paraná - trabalhando praticamente sem remuneração, movido pelo amor à música dos mestres "e a necessidade da mesma ser melhor conhecida". Há algumas semanas, logo após a informação que aqui publicamos sobre o novo livro em que Maria Luiza Tucci Carneiro aprofunda suas investigações, protestou contra a notícia. Irritado - embora desconhecendo ainda qual o tratamento que terá a memória de seu ilustre tio neste novo livro - Osvaldo Euclides Aranha nos encaminhou uma carta, datada de 29 de junho, que só hoje podemos transcrever - já que estivemos ausentes de Curitiba por dez dias. xxx "Prezado amigo Aramis. Sendo leitor assíduo de sua coluna "Tablóide", tive a tristeza de tomar conhecimento de mais uma tentativa da professora Maria Luiza Tucci carneiro de tentar conspurcar o nome do embaixador Oswaldo Aranha, no lançamento do segundo volume do livro "Anti-Semitismo da Era Vargas". Não sendo historiador e nem tendo acesso aos documentos que a referida professora teve, não tenho aqui a intenção de contestar as afirmativas que fez no primeiro volume; mesmo porque meu primo, Oswaldo Gudolle Aranha, filho do embaixador, já o fez em carta enviada à revista "Veja" e parcialmente por ela publicada, na qual as contesta e caracteriza o faccionismo das conclusões baseadas na citação parcial de documentos e não na análise do documento total. A família Aranha já está tomando as providências necessárias para que a verdade seja estabelecida e se corte definitivamente a tentativa dessa moça de tentar subir na vida pisando sobre o conceito de uma personalidade da vida [pública] brasileira. O meu tio sempre primou por uma coerência em suas posições, o que pode ser constatado por três episódios. O primeiro ocorrido no período pré-2a. Guerra Mundial, quando o nazismo estava começando a crescer no mundo, e que no Brasil [iniciava-se] um movimento contra o totalitarismo, condensado na Aliança Liberal, que comportava todas as tendências antitotalitárias, inclusive o Partido Comunista Brasileiro. Oswaldo Aranha integrava esse movimento e quando Getúlio Vargas determinou a Filinto Muller que fechasse a Aliança Liberal, o ministro Oswaldo Aranha demitiu-se incontinentemente. O segundo ocorreu já no início da 2a. Guerra, quando havia uma forte tendência no governo Vargas a favor dos países do eixo, especialmente centrada na figura de seu ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra. A resistência a essa tendência centrava-se na figura do embaixador das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, que havia aceito essa incumbência em momento tão importante da vida mundial, e era uma parcela menor no Governo Vargas. A pressão era tão forte que o ministro confidenciava aos irmãos que "...sinto-me às vezes como o único que está marchando certo no batalhão". É interessante destacar um fato que pelo que sei nunca chegou ao conhecimento público: o ministro Oswaldo Aranha recebeu a visita oficial do ministro da Guerra, que lhe dizendo que não sabia até quando poderia conter a oficialidade de que não aceitava a sua posição contra o Eixo, perguntou-lhe o que tinha a dizer e ouviu a seguinte resposta: "Diga aos seis primeiros que vierem, que venham ao sacrifício, pois não passarão da porta desse gabinete", mostrando o revólver que tinha em sua gaveta. O terceiro episódio, de conhecimento público, foi a sua atuação decisiva na presidência da ONU, mesmo contra a tendência das duas maiores potências - EUA e URSS - que redundou na aprovação pelo plenário do Estado de Israel, fato que o povo sempre reconhece e que, felizmente, não se deixa impressionar por tentativas como a da professora mencionada. Sabedores de sua tendência democrática e espírito de justiça, espero que o amigo abra o espaço necessário em sua coluna para a publicação desta carta, para que o público não tenha a visão de uma das partes da questão somente".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
26/07/1991
ola tenho uma musica da aranha e gostaria de mostra a voce manda pra mim o e-meil que eu mando a musica em mp3 .

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