Login do usuário

Aramis

Armstrong ao vivo. Genial!

As gravações ao vivo constituem momentos especiais dentro da ampla discografia do jazz. Pela própria característica de ser uma música que depende muito do clima em que é tocada, o jazz experimentou alguns momentos mais significativos nas gravações ao vivo. As falhas técnica, ruídos e naturais deficiências de uma época em que inexistia a sofisticação dos dias de hoje, é compensada pela energia, criatividade e talento de músicos imortais em sua arte. É o caso do belíssimo álbum duplo com Louis Armstrong and the All-Stars, gravado ao vivo no concerto apresentado por Ernest Anderson, no Symphony Hall, em Boston, a 30 de novembro de 1947 - e que em tão boa hora a WEA lança no Brasil, dentro de uma coleção que promete outros títulos e que se chama "Jazz Odissey". Os dois primeiros trazem este concerto de Satchmo e uma memorável apresentação de Lionel Hampton, vobrafonista, também em 1947 - e no qual fez um improviso de quase 17 minutos sobre Stardust". Existem centenas - talvez milhares - de gravações com Louis Armstrong e os inúmeros músicos que passaram por suas bandas. Gravações antológicas, com momentos maiores da música criativa e envolvente que é o jazz. Entretanto, o recital de 37 anos passados, em Boston, foi iluminado. Os músicos que o acompanharam - e numerá-los seria longo e cansativo - se sucediam em improvisações magníficas, dando novos desenhos e texturas em improvisações magníficas, num total de 18 temas estão reunidos nos dois elepês deste álbum, edição original da MCA. Entre os momentos mais marcantes, "Muskrat Ramble", "Royal Garden Blues", "I Cried For You", "Tea For Two", "Body And Seul", "Mahogany Hall Stomp", "C'Jam Blues", "Boff Boff", "How High The Moon" e "High Society", entre tantos. Autores como Duke Ellington, Richard Rodgers (maravilhosa a leitura de "Lover"), Johnny Green, Jimmy McHugh ganharam em suas músicas numa dimensão especial naquela noite que agora os jazzofilos brasileiros podem acrescentar em suas dicotecas. Um álbum que vale o que custa e que é indispensável a todos que sabem valorizar o jazz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
04/11/1984

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br