Carnavalescos criticam desperdícios da FUCUCU
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de fevereiro de 1992
A polêmica causada pela realização do Baile Municipal, irritando autênticos carnavalescos de nossas escolas, revoltados com as despesas oficiais para a sua promoção, confirma, mais uma vez, que a insistência da prefeitura em se intrometer no carnaval é das mais danosas.
- "A obrigação do poder público é apenas auxiliar as escolas-de-samba, permitindo que elas tenham condições de apresentarem um belo espetáculo para o povo", comenta Airton P. Machado, 51 anos, veterano carnavalesco.
Miele, presidente da Mocidade Azul, vai mais além: "O que as escolas precisam é de quadras-de-ensaio, em que possam funcionar durante todo o ano".
Charrão acrescenta: "Há anos que venho tentando mostrar ao prefeito e à Fundação um projeto para se instalar uma quadra-de-ensaios, que poderia abrigar uma oficina para formar menores-aprendizes, dar emprego a costureiras do bairro e ter uma contribuição real. Infelizmente, embora as idéias de Joãozinho Trinta - quando ele as expõe em Curitiba - sejam aplaudidas pelas autoridades, as nossas propostas ficam esquecidas".
Os carnavalescos também têm sérias restrições às "oficinas carnavalescas" - que a presidência da Fucucu tem promovido, com dispêndio de milhões de cruzeiros, beneficiando pessoas de suas relações no Rio de Janeiro. Embora reconheçam competência em alguns convidados, lamentam a falta de divulgação das oficinas, a baixa presença dos carnavalescos e a distância do Centro de Criatividade onde foram realizadas.
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Há quase 30 anos - no carnaval de 1963 - o então prefeito Ivo Arzua Pereira, apoiando uma infeliz sugestão, promoveu um Baile Municipal, a rigor, realizado no Clube Concórdia. Apesar da promoção ter sido bem organizada, foi um fracasso total. Nem a presença de convidados - inclusive a carnavalesca Eneida de Moraes (1904-1971), que durante anos, promovia o "Baile dos Pierrôs" no Rio de Janeiro, atraiu público. Salão vazio, um ridículo concurso de fantasias, e uma lição que ficou: baile municipal é um risco muito grande. Entretanto, três décadas depois, a Fucucu insistiu em queimar recursos num evento que para os autêntico carnavalescos não teve o menor significado. Muito pelo contrário!
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