Clássicos da Phonogram
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de outubro de 1974
Mais alguns registros de lançamentos de música clássica, para informação do numeroso (e de alto poder aquisitivo) público consumidor - que provou que o brasileiro não tem medo da música clássica - dando razão ao que pensava o mestre Maurício Quadrio, diretor de projetos especiais da Phonogram.
Com a Orquestra da Câmara Inglesa, formada em 1948 e regida por Raymond Leppard, temos o interessantíssimo "A Família Bach" (Philips, 650071), que demonstra que a genialidade não se restringiu a John Sebastian (1685-1750). Assim, de seu filho mais velho, Wilhelm Friedeman Bach (1710-1784), nascido de sua primeira mulher, Maria Barbara, temos a "Sinfonia em Fá", que ocupa todo o lado 1 do disco; de John Lodwig Bach (1677-1741) , um primo de segundo grau de Johann Sebastian o qual admirava a sua música e fez cópias de grande número de suas composições, temos "Suite em Sol". Finalmente de Johann Christoph Friedrich Bach (1732-1795), talvez o menos conhecido dos filhos musicistas de J. S. Bach, temos a "Sinfonia em Mi Bemol". O regente da Orquestra de Câmara Inglesa, Raymond Leppard, estudou no Trinity College, em Cambridge, onde mais tarde (entre 1958/1968) foi membro do conselho universitário e conferencista sobre assuntos musicais. Tem estado estreitamente associado à Orquestra de Câmara Inglesa desde a sua fundação.
Com a Orquestra Sinfônica de Boston, sob a regência de Seiji Ozawa, temos a "Symphonie Fantastique, Opus 14" (Deusche Grammophon, 2530358), de Hector Berlioz (1803-1869) intitulada também de "Epise de la vie d'un artist". Com esta "Sinfonia Fantástica" - composta em 1828, um ano depois da morte de Beethoven (de quem se disse que morreu para lhe dar lugar) - Berlioz transformou a música sinfônica em música de programa. Como acentuou o crítico Heinz Becker, "A forma clássica em quatro movimentos estendeu-se a cinco movimentos, que não mais se distinguem uns dos outros: pelo contrário, os temas se encadeiam e os trechos guardam estreita relação ao seu conteúdo".
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Com a Orquestra Filarmônica de Berlim, regida pelo lendário Herbert Von Karajan e destacando em solo o violinista Michel Schwalbé, temos uma nova gravação da mais conhecida obra de Antonio Vivaldi (1678-1741), "As Quatro Estações" (Le quatro stagioni), de gravação da Deutsche Grammophon/Phonogram (2530296). Com a Orquestra da [Ópera] de Monte Carlo, sob a regência de Aldo Ceccato e o pianista Michelle Campanella, outro importante lançamento Phonogram (Philips, 6500095): o "Concerto de Piano nº 4" de Camile Saint-Saens (1835-1921) a "Dança dos Mortos/Fantasia Húngara", de Franz Liszt (1811-1886). Campanella, 28 anos, italiano de Nápoles, há 10 anos ganhou um concurso nacional de piano, após o que ele recebeu uma bolsa de estudos da RAI - Rádio e Televisão Italiana. Em 1966 entrou no Oitavo Concurso Internacional de Piano Alfredo Casella, da Academia Musical Napolitana. Havia 83 candidados de todas as partes do mundo, e ele ganhou o primeiro prêmio - o mais jovem, o pioneiro pianista italiano a consegui-lo. Desde então, Campanella tem feito apresentações na Itália, Alemanha, França, Holanda, Suíça, Checoslováquia, Iugustávia e Grã-Bretanha. Agora, com a edição deste LP - incluído pela Philips em sua série de Luxo - os fãs de piano, e em especial de Saint Saens e Liszt têm chance de conhecer esta nova revelação pianística da Europa - que talvez já no próximo ano venha à América do Sul - então com escala assegurada em Curitiba. Afinal, a Pró-Música está aí para isto e Henriqueta Garcez está sempre por dentro da boa música!
LEGENDA FOTO: Beethoven
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