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Aramis

Com a guerra do PDT, a boa imagem de Jaime é atingida

A crise dentro do PDT - refletindo especialmente a legítima repulsa dos trabalhistas com passado de militância que vieram de lutas nos duros tempos da revolução aos políticos oportunistas que hoje se aproveitam da sigla mas que já marcharam com Deus pela Família para o golpe contra o presidente Goulart e depois se filiaram à Arena - terá desdobramentos nos próximos dias. Os recursos a serem julgados pelo TRE em relação à suspensão das convenções em três zonais de Curitiba - invalidadas graças à liminar concedida no sábado, 26, pelo juiz Roberto Sampaio da Costa Barros - são apenas parte de um demorado processo que fará com que a divisão do PDT continue a crescer. O movimento "Brizola Sempre", estruturado em bases sólidas e solidificando-se em todo o Estado, continua a lutar contra aquilo que seus líderes, como o ex-deputado Jacinto Simões e o presidente da 4ª Zonal de Curitiba, Laurentino Barsa, vem denunciando corajosamente. O advogado Arno Wotha, 51 anos, da turma de 1967 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com comprovada atuação na área trabalhista e assessor jurídico do movimento já reuniu ampla documentação para denunciar graves irregularidades que marcaram as eleições de domingo passado nas zonais do PDT em Curitiba. Fundamentando recursos legais - já encaminhados ao TRE - documentos e testemunhas revelam o verdadeiro rolo compressor que, com fartíssimos recursos financeiros (cujas origens terão que ser explicadas), a chapa oficial buscou uma vitória a qualquer preço, especialmente na "145". Afinal é nesta Zona - que abrange uma dezena dos mais populosos bairros da Capital, com mais de 200 mil eleitores - que Lerner encontra a maior rejeição e ali, nas eleições contra Requião - quando na disputa da Prefeitura - foi derrotado. Segundo cálculos do jovem Rolando Rutny, 27 anos, que liderou a chapa que iria disputar aquela zonal - mas que se absteve após a liminar do juiz Sampaio da Costa Barros a ter declarado sua nulidade - apesar dos 3 mil novos filiados que o grupo ligado à Greca diz ter filiado naquela zona, apenas 850 votaram. "Assim, mesmo atraídos por um fortíssimo esquema, que incluiu a utilização de mais de 30 ônibus (quais foram as empresas de transporte que os cederam?), centenas de automóveis e kombis e uma churrascada que custou alguns milhões de cruzeiros oferecida aos que apareceram para votar. Mais de 40 seguranças, agressivos, tentaram intimidar na escola municipal do Jardim Rosemary onde estavam as urnas. A mesma situação repetiu-se nas outras zonais em que aconteceram eleições - nas quais o movimento "Brizola Sempre" não compareceu. - "Em todas as zonas, nossos militantes teriam tido uma superioridade se o pleito fosse legal", garante Rutny. A tentativa de impugnar as seis mil filiações que o movimento "Brizola Sempre" conseguiu - contra apenas 3 mil do grupo oposto - foi a razão que baseou o pedido de suspensão das eleições, "claramente entendida pelo juiz Costa Barros ao conceder a liminar", explica o respeitado advogado Arno Wotha. Enfrentando o poderio econômico de grupos que têm interesses junto a facção oficial do PDT - e especialmente representando as parcelas autênticas do pedetismo, os líderes do movimento "Brizola Sempre" deixaram bem claro sua posição: não aceitam as imposições feitas para beneficiar políticos sem representatividade, "que enquanto nosso povo sofre nos bairros, banqueteiam-se nos caros e sofisticados restaurantes da cidade e viajam ao Exterior como acintosamente ainda mandam divulgar nas colunas sociais", comenta Rutny. LEGENDA FOTO - Rolando Ruthy, da 145ª Zonal do PDT: movimento "Brizola Sempre" continuam unidos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/11/1991

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