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Aramis

Crise na FCC com a saída de assessores

Prestigiadíssimo pelo seu maior amigo, o prefeito Roberto Requião, o advogado Carlos Frederico Marés de Souza, que acumula agora o status de Secretário Municipal da Cultura e as vantagens da presidência da Fundação Cultural, perdeu, de uma só vez, a colaboração de três dos seus melhores assessores. O escritor Tabajara Ruas, o jornalista Fernando Alexandre e Télia Negrão deixaram as funções que vinham ocupando nos últimos dois anos. Politicamente preocupada em assumir sua campanha a deputada estadual - e não ficar apenas como suplente como aconteceu em 1982 - Télia renunciou à coordenação do movimento de cultura dos bairros, que lhe deu, entretanto, um grande trânsito eleitoral. Continua funcionária da FCC, mas agora sem funções de chefia pode ter mais tempo para fazer política. Afirma que seu desligamento do cargo não teve nada a ver com divergências com a presidência. Muito pelo contrário! Apesar de condições excepcionais de trabalhao que aqui sempre desfrutou - independente de assinatura de ponto ou freqüência obrigatória, já que se reportava diretamente ao presidente Marés de Souza, o escritor Tabajara Ruas acabou tendo um sério desentendimento com seu velho amigo. Tão sério que há algumas semanas pediu demissão e, sem sequer se despedir de seus colegas, voltou, ao que consta, definitivamente, a Porto Alegre. xxx Já Fernando Alexandre, 35 anos, alagoano de Palmeira dos Índios, há muitos anos ligado a Curitiba - (aqui já trabalhou na redação de O Estado, como repórter) retornou como assessor da FCC em 1984, após um período em que foi um dos diretores do Lira Paulistana, teatro-movimento dos mais ativos em São Paulo no início desta década. Inicialmente, Alexandre coordenou alguns projetos - inclusive trazendo novos artistas da MPB, de São Paulo, ao Paiol, e dinamizando o Jornal Mural. Entretanto, nos últimos meses surgiram divergências profundas com Marés de Souza e, enquanto não reformula seus projetos existenciais, Fernando decidiu mudar de patrão: passa agora a assessorar diretamente a Glauco Souza Lobo, que deixa a direção executiva da FCC, para implantar a Secretaria Muicipal de Turismo. Que só não saiu ainda porque não foi encontrado ainda um casarão para sediá-la. xxx Para compensar a perda da assessoria de Ruas e Alexandre, Marés de Souza tem a lealdade de Paulo César Loureiro Botas, 41 anos, frei dominicano (expert em erotismo), cantor e compositor - cujo cacife para substituir a Glauco Souza Lobo na direção executiva, continua subindo bastante. Aliás, Paulo César tem muitas idéias para desenvolver na FCC tão logo o prefeito Requião - que é seu velho amigo - assine a portaria de sua nomeação para o bem remunerado cargo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
22/02/1986

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