Da trilha de Ponzio à história dos jingles.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de outubro de 1980
Luís Fernando Amaral, compositor de méritos e que se destacou a partir de seu trabalho em "O Contestado", de Romario Borelli, é quem assina a trilha sonora de "Deu a louca em Vila Velha", segunda aventura do lojista Arlindo Ponzio na área de cinema. Como fez fortuna vendendo discos sertanejos e aparelhos de som de baixo custo, em sua loja na Rua Voluntários da pátria, Ponzio decidiu capitalizar seu "know-how" na área: bancou a produção de um elepe com os temas de Luís Fernando Amaral, que entretanto não teve ainda a divulgação necessária. Com a musica do primeiro longa-metragem, o calamitoso "Caminhos Contrários", Ponzio não se arriscou em editar em elepe. De qualquer forma, esta produção fonografica tem um mérito: é o primeiro filme realizado no Paraná com sua banda sonora editada em Lp.
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A produção de discos independente continua ativa: acompanhando o Grupo Um, que de sexta-feira a domingo apresentou um belo espetáculo de música instrumental no Paiol, o produtor Enio Ribeiro aproveitou para divulgar o Lp "Mistérios da Amazônia", com o violonista Carioca (Ronaldo Leite de Freitas, 25 anos), acompanhado do grupo Devas. Violonista e compositor de méritos. Carioca também partiu para o seu elepe independente desenvolvendo no lado A, cinco peças e, no lado 2, ocupada apenas pela minisuite "Mistérios da Amazônia", com 17 minutos.
Enio já propôs à jornalista Antonia Eliana Chagas coordenadora do Paiol, uma programação de música instrumental, com os vários grupos paulistas que estão partindo para este esquema e desejam deixar de serem ouvidos apenas na Grande São Paulo.
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Enquanto as sessões quinzenais dos aficionados de jazz, nos asfixiante Teatro Universitário, estão esvaziando-se cada vez mais (apesar do entusiasmo dos que idealizaram o grupo, especialmente o médico Carlos Mercer), um outro médico - e também pianista amador, Júlio Fernandes, iniciou no domingo, em sua residência, no Seminário, um projeto semelhante: "Jam on Sunday". Com um grupo de amigos, pretende desenvolver encontros informais de quem curte a boa música. Os integrantes do Grupo Um, simpáticos e afáveis, foram até lá e só não estenderam a canja, porque não havia tempo. Afinal, após o show no Paiol, retornaram a São Paulo, de ônibus.
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Já que se fala em música, um registro especial: Paulo Tapajós, presidente da Associação de Pesquisadores da MPB, durante mais de 40 anos um dos homens que mais de 40 anos um dos homens que mais de perto viveu a Rádio Nacional, em sua fase de ouro, está auxiliando o projeto que o Clube de Criação do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Produtoras de Fonogramas Publicitários iniciaram há algum tempo: dois elepes, contando a história do "jingle" no Brasil. A (excelente) iniciativa tem coordenação de Luís Antônio Vieira e Henrique Meyer, destas duas entidades. Com auxílio de outros publicitários - o produtor Roberto Duarte e os redatores Líber Mateurci, Tonio Lima e Luís Antônio, estão selecionando o material, selecionado de dezenas de fitas, com cerca de mil "jingles" reunidos. O disco que deverá se chamar "A Voz do Dono", deverá reproduzir cerca de 150 "jingles:, que representam o trabalho de milhares de pessoas e 40 anos da história da publicidade no Brasil. Dividido em faixas, que agruparão, por exemplo, a infância do "jingle", vozes famosas, influencia da musica popular no "jingle", sempre interligados por vinhetas de programas de rádio e televisão, além de depoimentos de pessoas envolvidas com "jingles", como Geraldo Mendonça e Paulo Tapajós.
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