Dor de dente não entra em férias mas dentista sim!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de janeiro de 1991
"Paraná - Boletim Confidencial", uma nova publicação semanal que o experiente jornalista Victor Grein está editando há um mês, na edição que circulou ontem, aborda, entre outros assuntos atuais - e que nem sempre ocupam espaço na imprensa diária - a revolta dos associados do Instituto de Previdência do Estado em relação às férias coletivas em que encontra-se a maioria de seus 57 cirurgiões dentistas. Prejudicando associados - especialmente as mães, que pensavam utilizar a folga das férias escolares para acompanhar seus filhos menores aos tratamentos (em si, já limitados) prestados pelo órgão previdenciário do Estado, as férias coletivas que esvaziou os gabinetes dentários é uma demonstração de desconsideração - e mesmo agressão - aos que contribuem para a manutenção do Instituto fundado há 30 anos.
O mais grave é que algumas senhoras que foram reclamar desta demandada dos tranqüilos dentistas, receberam respostas agressivas por parte de algumas "servidoras" (sic), especialmente uma velha (conhecida por seu mau humor) atendente que, entre gritos e palavrões, disse que "o IPE não tem mais obrigação de prestar assistência médica e o que a senhora desconta em folha é para sua aposentadoria". Uma resposta que mostra bem a falta de melhor preparo de quem teria a obrigação de tratar bem o público e que, ao ser questionado por uma falha do serviço - na falta de melhor argumento - apela para a rudeza com relação a pessoas humildes.
O superintendente do Instituto, neurologista Jayme Paciornik, embora lembrado dos aspectos negativos para a imagem da autarquia, que a concessão de "férias coletivas" traria, as autorizou. A alegação oficial é de que os serviços de urgência estão sendo atendidos "normalmente" - segundo um assessor do órgão que pediu para não ser identificado.
Uma desculpa esfarrapada, pois em qualquer órgão de atendimento ao público (como é o IPE) seria lógico estabelecer uma escala de férias, em que os 56 profissionais que ali trabalham (em escalas reduzidas) se alternassem em suas férias - evitando com isto que houvesse mais um desgaste na imagem da previdência do Estado - em si já constantemente objeto de justas críticas.
Um dos maiores amigos do governador eleito Roberto Requião, seu vizinho em Curitiba e também na praia do Russel, no litoral catarinense - onde passam as férias - Jaime Paciornik foi presidente do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Município de Curitiba na administração Requião.
Posteriormente, foi também Requião que avalizou sua escolha para a presidência do IPE, onde está procurando mostrar serviço.
Há muitos que afirmam que devido suas ótimas relações com Requião, ele poderia ser o futuro secretário da Saúde, o que - também segundo pessoas de sua intimidade - não o atrai. É que como médico neurologista, dono de uma movimentada clínica - a qual continua a se dedicar parte do dia - Jaime não teria interesse em assumir um cargo ainda com maiores responsabilidades administrativas e que exigiria dedicação exclusiva.
Criado pela lei 4.339 de 28 de fevereiro de 1961, o Instituto de Previdência do Estado desde maio de 1990 modificou seu sistema de atendimento médico, integrando-se ao trabalho da assistência médica unificada mas mantendo ainda centenas de contratados (médicos, dentistas, etc.), que prestam atendimento - em alguns casos considerado de bom nível. Entre os profissionais que prestam trabalhos ao IPE há médicos e dentistas de conceito, que atendem com atenção aos associados - embora nem sempre com a presteza necessária.
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