Estórias da Beira Rio segundo Odylo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de fevereiro de 1985
Uma obra póstuma de Odylo Costa Filho (1914-1979), jornalista e escritor que marcou intensamente sua passagem pela imprensa brasileira, foi lançada há algum tempo pela editora Record: "Histórias da Beira do Rio". Todos os personagens deste livro estavam vivos na cabeça e no coração de Odylo e transcritas agora em livro - com ilustrações de sua viúva, Nazareth - certamente emocionarão os leitores como aqueles que tiveram o privilegio de ouvi-las do próprio Odylo, na sua maneira única de contar histórias.
Dona Dalva, padre Mateus, Olga, Rachid e tantos outros personagens capazes de amar, odiar, lutar, renunciar - gente que come carne de sol e queijo de coalho, faz política, intriga mas que tem quase sempre a maravilhosa capacidade de perdoar - ficarão gravados nas lembranças dos leitores pela força que contêm.
Jorge Amado, na introdução da obra, diz que Odylo Costa Filho, deixou pronto e acabado este "Histórias da Beira do Rio". Os primeiros contos foram escritos esporadicamente, mas nos últimos de sua vida novas histórias nasceram com grande força e unidade, num constante criar e acrescentar detalhes. Diz ainda Jorge Amado que as "Histórias da Beira do Rio" colocam mais uma vez homens e mulheres em luta com o destino, vivendo conflitos cruciais: mas aqui a violência, quase sempre presente, é superada pela ternura, pela generosidade - a palavra do autor é a da tolerância e da compreensão. Um livro de uma imensa riqueza de detalhes: árvores, bichos, costumes, comidas, vozes, maneiras de dizer e, sobretudo, gente. Gente do lugar, de uma e de outra beira do rio, com suas vidas pequenas e seus dramas poderosos, as intrigas, os namoros, os casamentos, as brigas, as procissões, os jasmin-do-líbano, o povo de sangue árabe, a incontável humanidade brasileira, a dolorosa fraternidade das tias Honorata e Adriana, a fraternidade ainda mais dolorosa dos irmãos Raimundinho e Rubem: a história desses irmãos, nenhum leitor jamais a esquecerá".
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