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Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de janeiro de 1973
A projeção de quatro filmes de Vittorio de Sica realizados entre 1946-55 - "Humberto D" (1951), "Ladrões de Bicicletas" (1948), "Milagre em Milão"(1950-51) e "O Teto" (1955) no Festival do Cinema Italiano (Teatro do Paiol) o fato da última fita deste italiano de 71 anos, "O Jardim dos Finzo-Contini" (rodado em 1970) ter sido incluída pela crítica brasileira como um dos 10 melhores filmes lançados em 1972, comprova a extraordinária vitalidade de sua obra Italiana de Sora. De Sica era aluno do curso de Direito até que passou a interessar-se por teatro e faz sua primeira aparição em "O Processo Clemenceau", rodado em 1918. Assim, em seus 55 anos de cinema, De Sica tem uma atividade intensa, alternando a direção com a interpretação - muitas vezes em fitas mediócres, mas fazendo esta concessão para conseguir recursos que lhe permite rodar suas obras - quase todas das mais respeitáveis, a partir de "Rosas Escarlates", de 1940. Com o passar dos anos, abandonou o tipo de galã que criou nas primeiras fitas e passou a interpretar personagens simpáticos, cheios de ternura e uma dose de humor: o conde de "Ouro de Nápoles", o chefe de família de "Pais e Filhos", o militar de "Pão, Amor E...", e suas extraordinárias criações do general Della Rovere em "De Crápula a Herói" (Teatro do Paiol, dia...), realizada por seu amigo Roberto Rossellini em 1959, para muitos o seu melhor trabalho no cinema. Intelectual, em plena vitalidade, De Sica é um dos mais respeitáveis cineastas contemporâneos, cuja obra deve ser conhecida e admirada por todos que apreciam o bom cinema.
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