A importância do arranjador
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de fevereiro de 1990
Arranjador. Eis uma figura de excepcional importância musical e que nem sempre é destacada como merece. No Brasil, se não tivesse realizado uma obra tão admirável e imensa como pianista e compositor, Radamés Gnatalli (1906-1988), já ficaria como "arranjador" que teve para nossa MPB uma contribuição tão importante quanto havia feito, numa fase anterior, Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana, 1898-1973).
No jazz, então, os arranjadores ocupam não um capítulo mas vários volumes - e milhares de gravações - para mostrar sua contribuição ao estilo, as interpretações e performances dos grandes jazz-men, especialmente na era das big bands. Por isto, tem que ser saudado com o maior entusiasmo a iniciativa da CBS em incluir na "Columbia Jazz Masterpieces" a série "The Jazz Arranger", inaugurada com um volume apresentado Fletcher Henderson (1898-1952), Duke Ellington (1899-1974), Eddie Sauter e Don Redman, estes dois últimos menos conhecidos. Entretanto, a produção de Michael Brooks, que coletou fonogramas avulsos editados entre 1928/40, não se restringiu a estes arranjadores, buscando também outros nomes marcantes: por exemplo, o arranjo que Dean Kincade fez para a gravação de "Deep Jungle", pela orquestra de Ben Pollack em 28/12/1938 é um dos mais belos momentos deste álbum - comparável a "Lets Get Together", arranjada por Sampson para a Chick Webb's Savoy Orchestra ou a do clarinetista-arranjador Beny Carter para "Lonesome Nights" que Bob Calloway & His Orchestra gravou em 28/08/1940.
Aparentemente, mais um disco de big bands. Na verdade, um material (quase) didático para ser apreciado em suas nuanças - e que deve ser ouvido com atenção pelo nosso baterista, maestro e arranjador Genésio Ramalho, 70 anos, líder da orquestra que identificou uma época de Curitiba - e que retornou há pouco nas caras noites do "All Seasons" do Hotel Bourbon Tower.
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