Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de fevereiro de 1974
Lara de Lemos é uma mulher de 40 anos, jornalista de grande vivência, hoje professora na Universidade Fluminense, apaixonada por cinema, teatro e artes plásticas. Poeta até a medula, publicou em Porto Alegre - onde nasceu - o seu primeiro livro - "Poço das Águas Vivas". Posteriormente teve editado pela Difusão e Cultura seu "Canto Breve", "Histórias sem amanhã" e, há seis anos, "Aura Amara", ganhou o prêmio "Jorge de Lima" e foi editado pela Coordenada Editora de Brasília. No ano passado, pela Artenova - casa publicadora que tem dado grande opção aos jovens poetas - saiu "Para um Rei Surdo", reflexo de sua última fase de trabalho - do que inclusive ela mostrou na Expoesia, que seu amigo Affonso Romano Sant'Anna organizou na PUC e que depois foi apresentada em Curitiba, no Centro de Criatividade. As poesias de Lara são como ela: criativas, bonitas em seu mistério, capazes de representar um encontro num momento - com amor e paixão, jamais com o cansativo romantismo. Em "Inventário" que ela dedicou a Cyro del Nero, autor da capa do livro ela diz: "Deixo o pássaro - traço suspenso no espaço/Deixo o peixe - luminosos riscos no líquido/Deixo o mar - verde sobre verde no imenso/Deixo o cento - demônio solto no mundo/Deixo o eco - grito no fundo do mundo/Deixo o canto - verso, reverso do pranto". Uma poesia liberta e moderna - quase musical. Como diz seu amigo, Moacy Cirne, sua poesia carrega dentro de si a dureza dos signos mais concretos: signos verbais que indicam uma estruturação rigorosa, formalmente lapidar, no jogo das palavras.
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