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Aramis

Livro

George Bernald Shaw (1856-1950) escreveu: "Eu sou um jornalista orgulhoso de se-lo. Cortando deliberadamente de meus trabalhos tudo que não é jornalismo, convencido de que nada que não seja jornalismo sobrevivera muito tempo como literatura ou será de qualquer uso enquanto viva". E embora esta sábia frase não esteja transcrita na introdução de "Reportagens Que Abalaram o Brasil", ela poderá ali ser colocada, em segunda edição. Pois realmente, este lançamento das Edições Bloch é uma prova de JORNALISMO de letra maiúscula, embora alguns dos autores reunidos nesta antologia sejam também escritores com respeitável obra (dois exemplos: Otto Lara Rezende-Francisco de Assis Barbosa). Numa experiência nova na bibliografia - mas comum nos EUA - foram reunidos quatorze grandes reportagens que marcaram época no jornalismo brasileiro durante os conturbados anos de 1940 a 1955, assinalados pela II Guerra M u n d i a l (1939-85) e pelas transformações sociais que ocorreram no Brasil. E para relembrar esse período nada melhor que através do veiculo de formação de opinião pública e de aferição da situação nacional que é o jornalismo. Como acentua o editor na nota de apresentação "nessa obra pode-se sentir o impacto que tais reportagens desencadearam no povo brasileiro. E agora, depois de tantos anos, vamos que estas páginas assumem outra características: possam a ser fonte de referencias e documentos histórico e sociólogo". O livro, após uma lúcida apresentação de Magalhães Júnior, abre com a reportagem "Euclides da Cunha. Não foi assassinado" de Francisco de Assis Barbosa - hoje membro da Academia Brasileira de Letras - publicada em "Diretrizes" no ano de 1941, 32 anos após a morte de Euclides da Cunha (1866 - 1909), e no qual, pela primeira vez foi publicada a versão do assassino do autor de "O Sertões", o militar Dilermando de Assis, amante da mulher de Euclides e que, ano após, matou também o filho mais velho do escritor que, como Orestes, quis vingar o pai. A segunda reportagem é "Como Era Verde O Meu Brasil" sobre o Integralismo, publicada em 1942, na revista "Diretriz" por Justino Martins hoje diretor de "Manchete" Em seguida, com seu estilo delicioso Joel Silveira, fala do nascimento do grã-finismo no Brasil, com satíricas reportagens - "grã-finos em São Paulo" e "A 10002.a Noite da Avenida Paulista" publicadas em 1943 e 1945 também na histórica "Diretrizes" . Edmar Morel, arguto e corajoso reporte fala em "Farpa" Não Entra na Fila" publicado em "C Jornal", em 1942, de um assunto que até hoje continua atual: a falta de leite Carlos Lacerda, o mais polemico jornalista da imprensa brasileira nos últimos anos, não poderia estar ausente: e dele é a histórica entrevista de José Américo de Almeida que publicada no "Correio da Manhã" a 22 de fevereiro de 1945 é tida como o começo do fim do regime autoritário instaurado por Getulio Vargas em 1937. E Samuel Wariner, fundador de "Ultima Hora", também comparece com uma reportagem política: a entrevista que Getulio Vargas concedeu a 3 de março de 1949 e que marcou o seu retorno publico a vida publica João Martins de "O Cruzeiro" naturalmente escreve sobre seu tema favorito: discos voadores. Darwin Brandão analisa em "Policia Quer Dizer Violência" a morte de um repórter Nestor Moreira numa delegacia de Copacabana em maio de 1945. De Murilo Mello Filho, em "Vinte Dias Dramaticos" um completo relato sobre a crise de agosto de 1954, com o suicídio de Getulio Vargas. Finalmente, o trabalho da equipe de "Manchete", "Os últimos instantes do Presidente Vargas".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Livro
1
12/03/1974

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