As marchas de Sousa com metais ingleses
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de setembro de 1985
Antecipando-se à excursão que o Philip Jones Ensemble, grupo inglês de metais, fez ao Brasil (apresentando-se em Curitiba na semana passada), a Polygram editou um dos mais populares discos deste conjunto de metais: "Star & Stripes Forever" e outras marchas famosas de John Phillip Sousa (London/ Polygram).
Phillip Jones, pertencente à terceira geração de uma família de músicos de metais, ex-trompetista da Royal Opera House Convent Garden, formou o seu Brass Ensemble há 34 anos passados e ao longo destas três décadas, o conjunto gravou 50 discos - dos quais só agora é editado um no Brasil. Formado por Jones e Rod Franks nos trompetes; Formado por Jones e Rod Franks nos trompetes; Frank Lloyd na trompa; Roger Harvey no trombone e John Fletcher na tuba, o Philip Jones Brass Ensemble tem levado seu comunicativo som a todo o mundo - excursionando pelos Estados Unidos e Japão alternadamente, de 2 em 2 anos.
Para apresentar o grupo no Brasil, a Polygram não poderia escolher um disco mais comunicativo : John Philip Sousa (1854-1932) deixou 136 marchas militares das quais há clássicos como "Star & Stripes Forever", que sempre se ajustam como uma luva a interpretações de bandas ou conjuntos de militares. Entretanto, Sousa não foi apenas autor de marchas militares. Ele deixou 15 operetas, 11 suítes, 70 canções, numerosos solos instrumentais, música incidental para teatro e peças variadas para banda e para orquestra.
Neste lp com o Philip Jones Ensemble estão, além do "Star & Stripes", outros grandes momentos de sua obra: "Semper Fidelis" (a divisa dos marinheiros americanos), escrita em 1888 quando [Sousa] era diretor musical da banda da Marinha; "The Washington Post" toma por empréstimo o ritmo do passo popular e recente de maneira tão memorável que em muitos países europeus "Washington Post" se tornou sinônimo de "towo-step". "King Cotton" foi apresentado por Sousa na Exposição Estadual do Algodão em Atlanta, Georgia, em 1895; "The Liberty Bell" resultou de uma carta da mulher de Sousa dizendo que o filho de ambos marchará em sua primeira parada, realizada em Filadélfia para celebrar a volta do Sino da Liberdade, que estivera em viagem pelo país; "Hail to the Sprit of Liberty" foi composta para uma [aparição] da Banda de Sousa na inauguração do monumento a Lafayete em Paris em julho de 1900. Quanto à imortal "Stars and Stripes Forever", não foi apenas a última das suas composições que Sousa regeu (ele morreu subitamente após um ensaio em 6 de março de 1932) mas aquela com a qual ele ganhou mais dinheiro. Aliás, Sousa foi um dos batalhadores pelos direitos autorais nos EUA, tendo fundado a famosa ASCAP - Sociedade Americana dos Compositores, Autores e Editores.
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Três esplêndidos discos orquestrados, também lançados pela Polygram. De princípio, o mestre Herbert Von Karajan, à frente da Berliner Philharmoniker regendo "O Moldávia", do ciclo de poemas-sinfônicos "Minha Pátria" de Bedrich Smetana (1824-1884); mais os prelúdios - poema-sinfônico n. 3 para grande orquestra, de Franz Liszt (1811-1886); "Convite à Dança", opus 65 de Carls Maria Von Weber (1786-1826); a Rapsódia Húngara n. 5 em mi menor de [Franz] Liszt e a abertura da "Guilherme Tell" de Gioachino Rossini (1792-1868). Uma seleção variada e da alta categoria.
Já com a Filarmônica de Viena, sob regência de Bernard Hatink e tendo como solista Vladimir Ashkenazy, o Concerto para piano n. 2, em si bemol maior, opus 83, de Johannes Brahms (1833-1897).
Giuseppe Sinopoli rege uma filarmônica para execução de duas grandes sinfonias: a n. 8, em si menor (a famosa "Inacabada") de Franz Schubert (1797-1828) e a Sinfonia n. 4 em lá maior opus 90 ("A Italiana") de Felix Mendels-sohn (1809-1847).
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