No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de junho de 1989
Numa atitude extremamente profilática, a diretoria do Círculo Militar do Paraná decidiu, de uma vez por todas, proibir shows de rock em seu ginásio de esportes. Os prejuízos provocados pela fúria de músicos e, especialmente, espectadores no chamado Palácio de Cristal - mais o alto consumo de tóxicos nos shows - levou a esta decisão que há muito já era sugerida pelos associados mais conservadores.
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De agora em diante, só espetáculos de boa música popular brasileira ali terão lugar. Como o da cantora de jazz Rosa Maria, que acompanhada de uma banda de 7 instrumentistas, se apresenta no próximo dia 9, sexta-feira. Veterana jazz singer da noite paulista, só no ano passado, quando teve sua gravação de "California Dreams" usada num comercial da C&A, é que a bela voz de Rosa Maria passou a ser devidamente valorizada. A Eldorado tentou contratá-la, lançou um mix, mas Rosa acabou sendo contratada da Polygram, que editou um elepê, entre os melhores do ano.
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Aproveitando a vinda de Rosa Maria a Curitiba (primeira temporada que faz entre nós), o engenheiro Sérgio F. Bittencourt, contratou-a para uma apresentação no seu botequim Habeas Coppus. Anteriormente, quem ali também fez um show foi outra (excelente) jazz singer: Leny Andrade. Embora não tenha as condições ideais para servir de palco para shows musicais, o Habeas Coppus - a mais movimentada (e lucrativa) casa noturna da cidade, deve esgotar sua capacidade na noite de quinta-feira, 8.
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Afinal, vai circular um house organ para aproximar os milhares de funcionários da Prefeitura de Curitiba. O título poderá ser um primor do óbvio ululante: "Nosso Jornal". Há mais de 20 anos, quando o engenheiro Ivo Arzua ocupava a Prefeitura, foi criado o primeiro jornal interno - na época uma revista que marcou época. Quem dirigia a então assessoria de imprensa da Prefeitura era o jornalista Enock de Lima Pereira.
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Intelectual do maior conceito, jurista, ex-político, Manoel de Oliveira Franco sobrinho, 73 anos, continua em franca atividade como escritor. Como um dos grandes administrativistas brasileiros, catedrático de Direito Administrativo da UFPR, publica agora "Desapropriação" (Editora Saraiva, 385 páginas). Escrito sob a égide da Constituição Federal de 1988, destina-se aos profissionais do Direito, capaz de dizer tudo sobre expropriação, matéria difícil para muitos, mas clara para este paranaense, mestre em sua especialidade.
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Registremos livros destinados a categorias específicas. A Campus, hoje uma das mais ativas editoras no país, com novos títulos de sua especialidade - a informática. Em "OS2-Essencial", de Judd Robins (270 páginas, NCz$ 23,90), o autor oferece um manual para atender aos novos usuários - guia de referência do Sistema Operacional, versão 1.0 da Microsoft. Já "A Arquitetura do 80386/387" de Stephen P. Morse, Eric J. Isaacson e Douglas J. Albert (342 páginas, NCz$ 27,00), é um livro até didático, pois para que se entenda a geração atual de microprocessadores, é necessário ver onde tudo começou e como chegamos ao estágio atual. No começo, a Intel criou o 8008, mas seu desempenho e memória eram insuficientes. Vieram então os modelos 8080, 8086 e o processador 80286. Partindo de uma introdução onde é colocada a história dos microcomputadores, este livro é um guia completo do novo microprocessador de 32 bits, usado nos computadores Personal System/2 da IBM.
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Um terceiro lançamento da Campus, para a área da informática, é "C: Um Guia que Antecipa o Futuro", de Alan C. Plante (153 páginas, NCz$ 14,90). A linguagem "C" é uma das mais populares entre as existentes hoje e esse livro destina-se a servir como um guia no modo como o padrão "C do Ansi" é usado em computadores compatíveis com o IBM PC.
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Autor de best-sellers da área médica ("Política Nacional de Saúde", "Evitando a Saúde e Promovendo a Doença", "Medicina não é Saúde" e "A Ética Médica sem Máscaras"), Jayme Landmann publica mais um volume destinado a escalar a listagem dos livros mais vendidos: "Medicinas Alternativas: Mito, Embuste ou Ciência?" (Editora Guanabara, 188 páginas). Trata-se do primeiro livro, no Brasil, de um modismo cada vez maior: medicinas alternativas - homeopatia, medicina herbal, acupuntura, meditação, ioga, biofeedback e cura pela fé religiosa.
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Nos anos 50, a geração influenciada pelas idéias de Camus e que não conhecia francês, implorava para os livreiros conseguirem a tradução portuguesa de "O Mito de Sísifo", ensaio sobre o absurdo, no qual Albert Camus (1913-1969) a partir do axioma "Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio", desenvolvia uma filosofia que encontrava empatia em legiões de jovens intelectuais (ou candidatos a...). Com idéias avançadas para a época, descrevendo a "doença de espírito" de que sofrem os tempos atuais (isto é, há 50 anos passados), ("o absurdo nasce da confrontação do apelo humano com o silêncio desaproprositado do mundo"), esta obra, originalmente publicada em 1942, ganha agora uma tradução de Mauro Motta e esmerada edição da Guanabara. Um clássico do pensamento de Camus, cuja edição é interessante para se verificar até que ponto as angústias do pensamento de Camus desenvolvidas nos anos 40, ainda encontram empatia.
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