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Aramis

O cinquentão da Zacarias

No ano de seu cinqüentenário, ele está novamente abandonado e a procura de companhia. Ao nascer, em 1922 - quando a Praça Zacarias era um grande vazio alagado pelas chuvas e com frondosas árvores - se impunha pelo seu vigor e beleza. O passar dos anos fizeram com que fosse obrigado a receber as mais diferentes pessoas: acolheu assim comerciantes de secos e molhados, armarinhos, barbearias, bares e farmácias em sua parte inferior. No amplo salão superior viu muitas reuniões de estudantes - quando ali funcionou um Diretório Acadêmico, depois muitas pessoas saciarem a fome - quando o restaurante Elite, atraía a chamada "elite curitibana". Da metade da década de 40 até 1966, um pessoal mais animado - homens em busca de amor, moças vindas de longe e dançando todas as noites - movimentou suas noites: a buate Elite e, posteriormente, Marrocos, fizeram o endereço ter muita fama durante quase 20 anos, até que numa madrugada, um freguês descontente com o valor da nota, acabou matando a tiros o proprietário da buate, Paulo Wendt (1927-1965), durante muito tempo o "rei da noite' curitibana. Apesar da tragédia, o pessoal alegre continuou a frequentar o seu grande salão - com poucas luzes e muita gente espalhada em gastas poltronas de veludo até que em agosto de 1966, outra briga - desta vez envolvendo um nome famoso nacionalmente - o ator Jardel Filho, que ali tinha ido após a estréia de "O Sr. Puntillla e seu Criado Matti" de Brecht, no Teatro Guaíra - fez com que acabasse sua fase boêmia. As portas da Marrocos fecharam definitivamente e alguns meses depois o salão de tantos encontros da madrugada, passava a ter um destino mais "careta": uma loja de móveis (Troib) ali passou a funcionar até fins do ano passado. Mas agora, a loja também passou para outro endereço e o imóvel está vazio. O salão do primeiro andar do edifício da Praça Zacarias, na esquina das ruas Marechal Deodoro - Dr. Murici, construído pelo comerciante Jacob Sanson (1858-1933) em 1932, hoje de propriedade de sua filha, dona Alice Sansoni Orlandi, está a espera de novo inquilino.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Panorama
4
14/02/1974

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