Observatório
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de dezembro de 1980
Uma placa afixada na propriedade ao lado do night clube "Bangalô - Tangos & Boleros, simboliza, de certa forma, a transformação urbanística de Santa Felicidade: "Vende-se está chácara. Tratar com o proprietário". Na Avenida Manoel Ribas, milhares de carros todas as noites, especialmente nos fins de semana, estão a exigir um batalhão especial do Detran, tal o movimento. Buzinas, freadas, gritos - fazem a área lembrar a Boca, de Buenos Aires - e nem de longe parecer a comunidade que, até os anos 50, era uma tranqüila colônia de imigrantes italianos, preocupados como cultivo da terra.
Dos restaurantes típicos se passou para a noite, com dezenas de casas noturnas aumentando o barulho e o movimento. O Roda D'Água, o Avião, entre outros, às margens da antiga estrada colonial, até chegar ao "Tangos & Boleros", num casarão defronte ao pioneiro Pinheirão. Aberto pelo cantor Edgardo, homem de muitas amizades, mas hoje em outras mãos, a casa foi perdendo suas características e é um night club tão intenso, que nada menos que três fortes leões-de-chácara circulam ao seu redor. E não é sem razão que o assustado proprietário da chácara vizinha não teve outro recurso senão o de colocar o imóvel à venda, pela primeira e melhor oferta que aparecer. Afinal, para ele, o progresso (sic) do bairro, está lhe custando o sono de todas as noites.
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