Pobre Minas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de janeiro de 1970
1970 inicia com excelentes perspectivas para a economia e o desenvolvimento do Paraná mas convém, nesta ocasião, olhar para outros Estados para sentir aquilo que se poderia chamar de "o milagre paranaense". Estado jovem, até há algumas décadas relegado [à] condição de província em têrmos de economia e política, o Paraná é hoje um exemplo nacional. E isto melhor constatamos ao vermos uma notícia como a divulgada há algumas semanas na imprensa nacional: durante o encontro que manteve com o ministro da Fazenda, Delfim Neto, o governador Israel Pinheiro, de Minas Gerais, tentou obter antecipação de receitas e mesmo uma ajuda federal para poder enfrentar compromissos urgentes, entre êles o pagamento do funcionalismo. Ninguém informou o montante desses compromissos, sabendo-se apenas que o Estado gasta com seus servidores cêrca de 20 milhões de cruzeiros novos por mês na Capital e 35 milhões no Interior, sendo que o atraso é de mais de um mês em Belo Horizonte e, no Interior, em média de 3 a 4 meses. Tratando-se de um Estado que durante anos dominou a política e a economia brasileira - no esquema "café com leite" em dobradinha com São Psaulo - Minas hoje, em termos de administração pública, inveja o Paraná. Aqui o funcionalismo recebe religiosamente em dia, os compromissos estão todos em ordem e as perspectivas para 1970 são das melhroes. E não se pode dizer que MG seja um Estado pobre: um suplemento de 10 páginas editado pelo "Jornal do Brasil" há alguns dias mostrou o seu extraordinário desenvolvimento industrial.
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