Preço (absurdo) do sucesso
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de abril de 1978
Leandro Brizolla, que apesar de ser gaúcho, do sobrenome e de falar alto, jura não é parente do Leonel, depois de ter passado alguns meses em Curitiba, incorporando imóveis e, associado ao seresteiro Mário Trevor, explorando um restaurante na Rua Dr. Murici, 1.111, é agora editor. Associado a Altamir Naves, assumiu a revista "Business Disco Show", que a partir do número 6 (março/78) aumentou de formato e ampliou seu material jornalístico.
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Criado com a intenção de fornecer aos diretores sociais de clubes, principalmente do Interior, informações reais sobre a cotação dos artistas populares - evitando assim corrupções em muitas sociedades, onde empresários desonestos acoplados a diretores idem, acabam "vendendo" artistas pelo dobro ou triplo do que custam realmente seus shows (e para onde vai a diferença?) a revista "Business Disco Show" está ampliando agora a faixa de informações. Traz reportagens, grande cobertura fonográfica - pretendendo inclusive alcançar uma faixa que, há 2 anos, era explorada por uma outra publicação, editada por Júlio Rosemberg (apresentador de TV, de saudosa memória dos pioneiros tempos da televisão em Curitiba).
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Algumas cotações de artistas muito requisitados por certos clubes do Paraná, para que as diretorias fiquem atentas em relação a futuros contratos: as Frenéticas, por exemplo, estão pedindo o absurdo de Cr$ 66 a Cr$ 80 mil. Altemar Dutra caiu um pouco: consegue no máximo Cr$ 30 mil. Celly Campelo, depois de um curto período de reaparição (época da telenovela "Estúpido Cupido") fica hoje em Cr$ 15 mil e olhe lá! Claudia Barroso, esta sim, sempre com um público suburbano que adora seus bolerões, diz que não canta por menos de Cr$ 36 mil. Algumas cantoras, classe A, também não fazem a mínima questão de se apresentarem em clubes, preferindo o público mais atencioso (e bem educado) de teatros: Elis Regina pede de Cr$ 81 a 100 mil, Elizeth Cardoso e Fafá de Belém ficam entre Cr$ 60 a Cr$ 80 mil. Barato, mesmo, não há quase nada. Existem, é claro, alguns artistas em início de carreira, que na faixa dos Cr$ 10/Cr$ 15 mil, talvez façam shows. Como Cláudio Roberto, Célio Roberto, David Corrêa, Francisco Tozzi, Francisco Roque, Gerson Conrad (ex- "Secos e Molhados"), Geraldo Nunes, Luís Carlos Clay, Lindoln, Luís Wagner, Márcio Greyck, Moacir Morales, Mário Prado, Peninha, Pyska, Ronald etc.
Roberto Carlos continua na estratosfera. Pede Cr$ 150 mil (ou mais) para abrir a boca em público. Pois é... Pague quem quiser.
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Enquanto, infelizmente, existem clubes que gastam até Cr$ 200 mil com um único show musical, um concerto da dimensão do que Dave Brudeck e quarteto apresenta em capitais civilizadas não veio a Curitiba. Afinal, a empresaria já conhece a fama de nossa cidade no que diz respeito a falta de receptividade a espetáculos de nível superior.
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P.S.: "Meu Pobre Coração de Luto", com Teixeirinha, faturou mais de Cr$ 300 mil no cine Ópera. E possivelmente voltará a ser exibido em outros cinemas da cidade.
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