Quando um pequeno robô torna-se um grande sentimental
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de fevereiro de 1986
Numa das seqüências em que Daryl (Barret Oliver) fala através do walkie-talk com seu amiguinho Turtle (Daniel Bryan Corkill) em "D.A.R.Y.L." (Vitória, 4 sessões), a televisão, ao fundo, apresenta uma cena de "Planeta Proibido" (Forbiden Planet, 1956, de Fred F. Wilcox). Mais do que uma simples coincidência: aquela produção da MGM, de 30 anos passados, foi a primeira ficção científica, a apresentar um robô inteligente, "personagem", aliás, que cativava os espectadores.
"D.A.R.Y.L." se inclui na categoria de filmes que partem de uma nova realidade: a informática/robotização - para examinar as relações da máquina e dos seres humanos, num gênero que tem crescido nos últimos anos, desde a proposta de um supercomputador que deseja produzir, artificialmente, um filho, metade homem, metade máquina ("A Geração de Proteu") até os computadores russos e americanos unindo-se em favor da paz mundial - mas sob ameaça de destruírem o mundo caso os homens não se entendam ("Colossus").
Juntando ao fascinante e inquietante mundo da computação, os elementos jovens - como em "War Games" (Jogos de Guerra, de John Badham) e algumas pitadas de "ET" (Spielberg), "D.A.R.Y.L.", produção que marca a estréia no cinema americano do australiano Simon Wincer é um filme agradável, bem solucionado e que se vê com prazer. Um projeto arriscado do Pentágono - o Date Analyzing Robot Youth Lifeform - de inteligência artificial e seus reflexos no comportamento humano, ganha toques melodramáticos, na contadição da mais avançada tecnologia com a vida comunitária de uma pequena cidade americana (apropriadamente, os exteriores foram rodados em Orlando, próximo à Disneyworld). Há múltiplos elementos de agrado no filme: um garoto-ator encantador, Barret Oliver (visto já em "A História Sem Fim", em reprise, aliás, a partir de quinta-feira no Bristol), jogos de beiseboll, perseguições automobilísticas (que desde "Bullit" viraram ponto de vendas no cinema americano) e até uma sensacional fuga num superjato da Usaf. Enfim, um produto comercialmente up to date, com bons elementos para entretenimento rápido e trazendo ainda uma trilha sonora de um compositor competente - Marvin Hamlisch.
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