Revisitando clássicos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de outubro de 1981
Em 1977/78 houve o boom do choro, com mais de 200 elepês do gênero, entre reedições, lançamentos e novas propostas. Este gênero instrumental de tanta beleza não desapareceu quando o choro deixou de ser modismo - ao contrário, reciclou-se. Embora as edições tenham se reduzido, ainda há estímulo para produções econômicas, reunindo fonogramas de diferentes artistas, como o que faz a Seta Fonogramas, uma etiqueta distribuída pela Ariola, em "Os Grandes Solistas", onde reuniu clássicos de dois virtuoses falecidos há poucos anos: Dilermando Reis (1916-1977) e Valdir Azevedo (1923-1980). Clássicos como "Abismo de Rosas", "Romance de Amor", "Rapaziada do Braz" e "Sonos de Carilhões" estão nas cordas do violonista Reis, enquanto Waldir, em seu cavaquinho, fica principalmente com suas composições - "Brasileirinho", "Delicado", "Pedacinhos do Céu", "Vê se Gostas" - embora haja três homenagens: "Vassourinhas" (Mathias de Rocha/Joana Ramos), "Maringá" (Joubert de Carvalho e não GILBER como está na contracapa do disco) e "As Rosas Não Falam" (Cartola). Já a Cristal, distribuição da WEA, reuniu três grupos de chorões e dois solistas - o violonista Paulinho Nogueira e o pianista Mozart Erra, para "Encontro no Choro", um disco harmonioso, bem distribuído, que traz o flautista gaúcho Plauto Cruz e regional com "Vou Vivendo" e Feitio de Oração", enquanto Evandro e seu regional - que durante anos alegrou as noites no Jogral em São Paulo, relembra "Três Estrelinhas" de Anacleto Medeiros e "Tenebroso" de Nazareth. Mozart Terra sola "Noites Cariocas" do mestre Jaco, enquanto Isaias do Bandolim acompanha Paulinho Nogueira em "Choro Chorado para Paulinho da Viola". Os Ingênuos, ao contrário do nome, mostram que não tem nada de ingenuidade musical: sua presença em "Sofres Porque Queres", e "Lamento" é altamente profissional.
Dois excelentes discos de música brasileira tradicional e instrumental.
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