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Aramis

As músicas de Bosco na boa voz do dono

As músicas na voz do ano, uma grata revelação como cantor e uma imitação. A síntese para três discos que RCA colocou na praça há algumas semanas. De princípio temos o sempre admirável João Bosco, fazendo em "Essa é a sua vida", gravado entre junho/julho/81, uma espécie de revisão de sua obra. Há tempos que Bosco já nos havia falado de seu projeto de registrar num disco as músicas que, circunstancialmente, forma lançadas por outras intérpretes - Elis, Aline, Ademilde Fonseca, Walker entre outros. Afinal, o autor sempre pode dar uma roupagem especial, ainda mais como , no caso de João, soma-se o fato de ser um cantor de voz agradável, própria - que há 9 anos vem marcando sua presença na MPB com uma linguagem muito própria. Com exceção de "O Caçador de Esmeraldas" - onde há um terceiro parceiro, Cláudio Tolomei, todas as faixas são da melhor fase de seu trabalho com Aldir Blanc: "Agnus Sei" (seu primeiro sucesso, registrado por Elis Regina em 1972), "Cabaré" (também por Elis), "Perversa", "Corsário" (que Ney Matogrosso gravou com muita dignidade), "Títulos de Nobreza" (dedicada a Ademilde Fonseca), "De Partida", "Foi-se o que Era Doce", "Amigos Novos e Antigos", e a faixa-título do lp, "Essa é a Sua Vida" - que a mineira Aline gravou em seu lp independente, passando quase despercebido. Como em todos os discos de Bosco, sobriedade, bom gosto e competência na produção - dando a esta produção - mesmo que o fato de não trazer músicas inéditas, uma característica que o faz um dos lançamentos mais oportunos da temporada. Como não são muitos os compositores que cantam bem como Bosco ou Paulinho da Viola, há necessidade de se estimular os bons vocalistas. Só que durante uma boa temporada, os cantores não tiveram vez e Emilio Santiago foi uma das poucas exceções - hoje com prestígio firmado e fazendo discos cada vez melhores , como [o] último lançado há pouco pela Polygram. Mesmo lembrando - internacionamente ou não - a Santiago, Zé Carlos é uma grata revelação: "Momentos Pereitos" (ou Damas), é uma idéia muito feliz - com músicas em torno de um assunto que sempre é motivação maior - as mulheres. Voz das mais agradáveis, balanço, um excelente grupo instrumental para os arranjos de Ivan Paulo, Tranka, Antonio Adolfo e Rildo Hora fizeram, faz com que o disco de Zé Carlos se destaque como um dos mais interessantes. Da primeira faixa "Madrugada Vazia" (Sidney da Conceição/Belizário) - a "Patrícia" (Rildo Hora/Sérgio Cabral), Zé Carlos caminha entre momentos de amor, numa linguagem intimista, suave, como há muito tempo não se ouvia em nossa MPB. É de se esperar que este cantor tenha um apoiamento para acontecer devidamente, já que a amostra gravada é das mais estimulantes. Se Bosco é sempre coerente e Zé Carlos uma grata revelação, o paulista Bebeto decepciona em "Batalha Maravilhosa", também lançado pela RCA. Há vários anos que Bebeto vem cantando na noite paulista, procurando a mesma linha de sucesso de Wando ou Benito de Paula. Entretanto, se aqueles dois têm ainda alguma criatividade, Bebeto fica na simples imitação do estilo de Jorge Ben - e de sua primeira e intragável fase. Somando a uma falsa comunicabilidade também um toque de erotismo - candidato a entrar na relação dos cantores de motéis, como "Batalha Maravilhosa", "Os Loucos Também Amam" ou "Nega Vanessa", Bebeto é repetitivo ao longo deste seu disco - que deve ter sido produzido em momento de menor inspiração.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
28
04/10/1981

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