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Santa Catarina editou o dicionário dos artistas

Como é bonito e salutar ver bem aplicado o dinheiro público em projetos culturais que visam realmente cumprir as funções nas quais se justifica a iniciativa do Estado. Duas mulheres que ocupam as mais altas funções no setor cultural em Santa Catarina - a secretária Zuleika Mussi Lenzi, da Cultura e do Esporte e Lygia Helena Roussenq Neves Xavier, superintendente da Fundação Catarinense de Cultura, dão uma mostra de competência, com a edição do "Indicador Catarinense das Artes Plásticas" (FCC Edições/Museu de Arte de Santa Catarina). Um volume de 189 páginas, reunindo 405 verbetes individuais de artistas plásticos, diretores de museus, críticos de arte e promotores culturais nascidos em Santa Catarina ou que vivem (ou viveram) naquele Estado, bem como por ali passaram, deixando algum sinal de sua passagem. Complementam estas informações 28 verbetes de caráter histórico, que facilitam pesquisas no campo das Artes Plásticas. Somando-se mais 77 chamadas para a entrada principal, chega-se ao total de 510 registros constantes deste dicionário. xxx O artista plástico Domício Pedroso, diretor do escritório regional da Funarte - que no dia 5, quarta-feira, patrocina o lançamento da obra em Curitiba, com sinceridade reconhece a validade deste projeto: "Embora simples na apresentação, é inventário importante que não conseguimos fazer aqui em nossa terra". No fértil período em que supervisionou o setor de exposições do Badep, em cada exposição que organizava, Domício e Leila Pedroso editavam catálogos referenciais, que mesmo hoje desatualizados, são das raras fontes de consultas sobre alguns aspectos das artes plásticas em nosso Estado. Roberto Pontual, ex-crítico do Jornal do Brasil, hoje residindo em Paris, em 1969 publicou o "Dicionário das Artes Plásticas no Brasil" (Editora Civilização Brasileira, 558 páginas, edição esgotada), que se constituiu no mais completo who´s who da área. Graças à colaboração da crítica Adalice Araújo, grande amiga de Pontual (e um nome nacional no setor de pesquisas e crítica de artes plásticas), o Paraná teve correta presença naquele Dicionário. Em 1979, Aline Figueiredo, então na direção do Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal de Mato Grosso, publicou "Artes Plásticas no Centro-Oeste" (360 páginas, também edição esgotada), outro who´s who importante, rastreando todos os nomes das artes plásticas de Brasília, Goiás e Mato Grosso. Agora, é Santa Catarina que tem o "Indicador" publicado, num projeto que pela sua seriedade mereceu apoio da IBM Brasil, Embraco e Canguru Embalagens Plásticas. xxx Trazendo na sobrecapa a reprodução, a cores, do desenho original "Vista da Ilha de Santa Catarina", 1785, do livro "Voyage de La Perouse Autour Du Monde" (Paris, 1790), de Duché de Vancy (artista francês que, há 203 anos, na qualidade de desenhista de paisagens e costumes, acompanhou a expedição comandada por Jean François de Galoup, ao Sul do Brasil), o "Indicador Catarinense das Artes Plásticas" é o exemplo de uma obra bem produzida. Em sua concepção objetiva, cuidados na redação dos verbetes - procura informar sobre todas as pessoas (e movimentos) ligadas a Santa Catarina. No Paraná, inexiste qualquer referencial, em forma enciclopédica, sobre nossos artistas plásticos - como aliás de outros setores. Um projeto que poderia abranger vários setores, numa linha de "Enciclopédia Paranaense", jamais foi considerado seriamente pelos donos do poder cultural. Enquanto isto, objetivamente, a Secretaria e a Fundação Cultural de Santa Catarina dão um belo exemplo editorial, investindo - com apoio da Lei Sarney - os recursos em projetos sérios e destinados a permanecer.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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01/10/1988

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