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Aramis

Só inéditos em Fortaleza

A substituição do caráter competitivo por um "festival de seleção", fará com que a segunda edição do Festival de Fortaleza, a partir de amanhã, ganhe uma especial atração: os sete filmes de longa-metragem são inéditos comercialmente, e apenas um, "Anjos da Noite", do paulista Wilson de Barros, foi visto em Gramado, em abril último, quando obteve várias premiações. A disputa de premiações, com naturais polêmicas, e muitas vezes, injustiças, desanima certos realizadores em inscreverem seus filmes em festivais. Afinal, um filme levado a um festival e mal recebido pelo júri, crítica e público, já ganha um estigma que, fatalmente, se refletirá em sua carreira comercial. Partindo desta premissa, os realizadores Pedro Jorge e Jefferson Albuquerque, executivos do Festival de Fortaleza, caracterizaram a promoção que se realiza na próxima semana como uma grande amostra, garantindo a todos os filmes o troféu Iracema. O Festival abrirá com "Fronteiras das Almas", segundo longa-metragem do cineasta cearense Hermano Penna, rodado em Rondônia, com Marcélia Cartaxo (a revelação de "A Hora da Estrela", de Suzana Amaral), no principal personagem feminino. Os outros longas serão "Ele, o Boto", de Walter Lima Jr., (que representou o Brasil em Cannes), "Sonho de Valsa", de Ana Carolina e "Jubiabá", de Nelson Pereira dos Santos. Como se vê, uma seleção peso-pesado em termos de qualidade: filmes recém concluídos, que, em termos de lançamento comercial, só chegarão as telas dentro de alguns meses, já que há vários outros títulos nacionais a espera de datas. Só agora, os filmes mostrados em Gramado, há quatro meses, como "Besame Mucho", de Francisco Ramalho Jr. (estréia no Cine São João, dia 7), estão sendo exibidos. A eliminação do caráter competitivo do Festival de Gramado, se, de um lado, pode retirar o aspecto de suspense e tensão naturais num festival tradicional, por outro, significará maior descomprometimento dos realizadores - irmanados num clima de análise geral dos problemas do cinema brasileiro, cada um mostrando o seu filme, sem a preocupação de sair com um troféu como "melhor". A experiência é significativa e vamos acompanhar, de perto, os resultados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
01/08/1987

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