Um pacote de sambistas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de fevereiro de 1987
Conseqüência ou não do Carnaval, o fato é que um punhado de sambistas estão na praça. Afora os discos de Sambas-de-Enredo e a Cor do Som e Trio Elétrico Dodo e Osmar, temos os novos elepês de Mussum (ex-Originais do Samba), Silas de Andrade, Djalma Pires, Wilson de Assis, Gilson de Souza e os grupos Levanta a Poeira e Fundo de Quintal. Ou seja, um pacote de música verde-amarela para consumo geral e que bem que mereceria ser programado com mais intensidade nas emissoras.
Com exceção do disco de Gilson de Souza - que com seu "Pôxa" (seu maior sucesso, há 12 anos passados), vem pelo selo 3M, e o disco do Fundo de Quintal ("Mapa da Mina", da RGE), os demais são produções da Continental, cuja nova direção artística está abrigando os sambistas.
São bons sambistas, gente esforçada e simpática, voltada às raízes mas que, evidentemente, ficam no superficial, sem um mergulho maior nas raízes deste gênero ou conseguindo um tratamento mais harmonioso e com produção mais esmerada. É impossível deixar de notar a diferença quando se escuta, por exemplo, um samba intermpretado por Beth Carvalho, arranjado por Geraldo Vespar ou Ivan Paulo, e quando se tem o esquemático esquema de arranjos que marcam, por exemplo, as 10 faixas do elepê de Gilson de Souza, oito de sua autoria.
Mussum é um caso especial. Hoje mais identificado como ator comediante, popularíssimo junto à faixa infantil devido seu trabalo no grupo dos Trapalhões, busca um repertório capaz de fazê-lo chegar com mais intensidade junto às crianças, neste seu novo disco, produção de Jairo Pires, houve o cuidado de escolha de um bom repertório, abrindo, por exemplo com uma parceria com João Nogueira ("Because Forever"), seguindo-se trabalhos de pagodeiros inspirados como Arlindo Cruz ("Ei! Moleque"), Almir Guineto/Adalto Magalha ("Verdade Expressa"), Nei Lopes ("Debaixo do Meu Chapéu"), Jorge Aragão ("Madureira, Vaz Lobo e Irajá"), Dedé da Portela ("Sem Você Tudo Bem") e até o bem humorado Dicro ("O Torcedor").
Mussum não chega a ser um grande cantor, mas é simpático e comunicativo. A produção esmerou-se e contou com músicos competentes como Rafael Rebello no violão de 7 cordas e o violão tenor e bandolim de Zé Menezes.
FOTO SEM LEGENDA
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