Login do usuário

Aramis

Wanderléa, gente afinal...

A primeira tentativa de mudar a imagem foi há dois anos passados: "Wanderléa Maravilhosa", seu primeiro [elepê] na Polydor/Philips, tentava modificar a imagem da ternurinha da Jovem Guarda, que em 11 anos de CBS (seu primeiro disco, "Meu Anjo da Guarda" saiu em 1962) haviam identificado com a linha mais [medíocre] da MPB, que teve durante uma longa fase, o [domínio] de Roberto e Erasmo Carlos, espécie de anjos protetores da ternurinha mineira (nasceu em Lavras, há 29 anos). Problemas pessoais, como acidente que sofreu o seu marido, Nanato (José Renato Barbosa, filho de Abelardo "Chacrinha" Barbosa), paralisado numa cadeira de rodas, fizeram com que Wanderléa interrompesse, por quase dois anos qualquer trabalho musical (esteve longo tempo nos EUA, acompanhando o marido). Este ano, o produtor Arthur Laranjeiras, trouxe novamente Wanderléa, ao palco, num espetáculo chamado "Feito Gente", que depois de duas temporadas no Rio de Janeiro, encontra-se agora em São Paulo (teatro 13 de Maio, até o dia 12 de outubro, depois excursão a vários Estados). Deste espetáculo é o lp gravado ao vivo ("Wanderléa feito gente", Polydor, 2451065, setembro 75), que traz esta nova Wanderléa, mais madura menos bonita do que 10 anos passados, mas mais gente mais sensibilidade. Para quem durante uma década foi identificada com musicas bobas como "Pare o Casamento" ou "Tempo do Amor", o disco espetáculo é uma evolução realmente violenta. Não há - ao menos no [elepê], nem uma faixa conhecida, e, sim, ao contrário, 12 canções vigorosas, de autores dos mais importantes, que vencendo o preconceito que cercava a imagem de Wanderléa, lhe entregaram composições inéditas. E, por certo, não devem ter se arrependido, pois Wanderléa, amparada num bom grupo instrumental - Helvius, piano; Chiquito Braga, na guitarra e violão; Fredera, na guitarra; Rubão Sabino no baixo; Celinho no trumpete; Copinha, no sax, flauta e Clarineta; Ivo Moreira na bateria e Alberto das Neves, na percussão - se esforçou ao máximo, para dar vigor a musicas difíceis, de letra densas e sérias propostas. Lamentável apenas que, por razões de economia, a edição do disco não seja acompanhado de um encarte, com a letra das 12 novas canções, todas merecedoras da maior atenção. Sem preconceitos, é necessário ouvir Wanderléa afinal adulta, gente brasileira, cantando musica séria e procurando uma nova chance, longe das bobagens de Roberto Carlos et caterva, que se lhe deram muito dinheiro, mas a faziam até uma cantora sem qualquer expressão, como tantas do [anônimo] elenco nacional da CBS[.] Ainda bem que Wanderléa descobriu o caminho certo a tempo. Faixas: "Eu Nem Ligo" (Luiz Gonzaga Jr), "Que Besteira" (João Donato - Gilberto Gil), "Carne, Osso e Coração" (Joyce). "Ginga da Mandinga" (Jorge Mautner[,] Rodolfo Grani Jr), "Conversa Mole" (Vital Lima[,] Herminio Bello de Carvalho), "Lua" (Sueli Costa), "Que Falem de Mim" (Bidu Reis), "Palavras" (Luiz Gonzaga Jr.), "Poeira e Solidão" (Sueli Costa), "Verdes Varandas" (Sueli Costa-Ebe Guarino), "Segredo" (Luiz Melodia) e "Feito Gente" (Walter Franco).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
36
05/10/1975

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br