50 anos de Medeiros, o mestre da fotografia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de maio de 1987
José Medeiros está em Curitiba. Chegou quinta-feira, 7, para lançamento do livro "José Medeiros: 50 anos de Fotografia" (ocorrido no entardecer, na Galeria Funarte) e ontem, a noite, falou sobre "O Cinema Brasileiro Atual" na Cinemateca. Hoje, à meia-noite, será exibido seu filme "Parceiros da Aventura" (cine Groff), com reprise amanhã, às 10 horas.
José Medeiros é uma das personalidades mais estimadas do cinema brasileiro. Na semana passada, no XV Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, não dava conta dos abraços que recebia de tantos amigos que soube fazer na cinematografia, em mais de 30 anos de atividades - período em que fotografou mais de 40 longa-metragens e um cem número de curtas.
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Hoje, Medeiros, 65 anos, piauiense de Teresina, é mais do que um diretor de fotografia. Sua larga quilometragem cinematográfica, como fotógrafo dos mais requisitados, o fez um profissional experiente - e não sem razão que, ganhando em bons dólares, tem sido o profissional mais requisitado para ajudar cineastas inexperientes de países latino-americanos a conseguirem concretizar seus projetos. Por exemplo, acaba de voltar da Colômbia, onde fez a fotografia (e praticamente dirigiu) "Técnicas de Duelo", de Sérgio Cabrera. Anteriormente, Medeiros ali fotografou "Las Salidas dos Vemos", de Carlos Tallado. Tem convites para novos trabalhos, não só na Colômbia, mas em outros países latino-americanos. No Brasil, há muito que seleciona criteriosamente os filmes que participa. Um dos maiores amigos de Nelson Pereira dos Santos, sempre está presente em seus filmes.
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Como diretor, José Medeiros realizou até hoje apenas um longa-metragem, "Parceiros da Aventura", história movimentada sobre um seqüestro envolvendo vários personagens humildes. Neste filme, teve a amorosa participação de muitos nomes famosos, artistas que fizeram questão de participar sem discutir pagamento. Por outro lado, também houve presenças de gente que não é profissional - como o clarinetista Paulo Moura que chega a fazer um personagem importante, o jornalista paranaense Arakem Távora. Aliás, quando Arakem fazia uma série de curtas-metragens sobre artistas plásticos, foi Medeiros quem os fotografou.
Irmão do cenógrafo e artista plástico Anísio Medeiros - profissional dos mais admirados, José Medeiros tem um bom gosto incrível. Isto se traduz em cada imagem que compõe para os filmes, valorizando, por si, um trabalho que, no final reflete no resultado global. Premiado inúmeras vezes, sabe conservar a modéstia e a simplicidade, amigo de um bom papo e que se surpreende quando é elogiado e merecedor de homenagens como esta, que a Funarte lhe fez, editando um livro com algumas de suas melhores fotografias e uma exposição, que depois do Rio e São Paulo, será levada a Florianópolis.
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