LEE RITENOUR e BILL MONROE, dois exemplos de guitarra em diferentes estilos. Aos 20 anos, Lee possui uma bagagem de trabalho que faria a glória de qualquer músico veterano. Nascido em Los Angeles, aos 6 anos já tocava guitarra e aos 10 tinha seu próprio estilo. Influenciado por Wes Montgomery, Benson, B. B. King, Joe Pass, John McLaughlin e Howard Roberts, há 9 anos terminava o curso de guitarra clássica da University of South California e em 1974 trabalhava com Sergio Mendes. Nos últimos 7 anos gravou com grandes nomes, participou de trilhas sonoras e desenvolveu uma carreira individual, com uma dezena de elepês individuais, dos quais aqui lançados pela Elektra/Asylum (WEA) - "The Capitain's Jouney" e "Feel the Night". Agora, temos "Rit", onde 8 das nove faixas são composições próprias e uma delas, "Just Tell me Pretty Lies", usa pela primeira vez a bateria digital programada, exemplarmente para realçar a batida hipnótica requerida pela composição pautada no "funk" e no "rhythm and blue" negro. Já Bill Bonroe é uma gostosa exceção entre tantos instrumentistas "country" que têm aparecido no Brasil: em "Master of Bluegrass" (MCA/Ariola), este veterano instrumentista americano, com seu "mandolim", um som próprio, dá um encanto novo, agradável (e não monótono, como acontece em tantos discos "country") em temas como "Melissas's Waltz for J. B. " e "Go Hither to go Yonder". BUDDY RICH BANC é mais um agradável exercício instrumental, mostrando uma orquestra formada num estilo tradicional mas com um repertório afinado, de muita cintura e balanço, com arranjos longos, como 14'24 para "Good News", que, ao lado de "Beulah Witch" ocupa todo o lado 2 deste disco dos mais estimulantes e agradáveis a uma audição tanto para gente jovem como pessoas de mais idade. GUIMAR NOVAES (1896-1979), continua a ter a sua magnífica obra pianística, gravada na Tornabout, agora editada no Brasil. Como aqui já registramos, há algumas semanas, graças à presença de Maurício Quadrio na WEA, o seu setor de músicas erudita começou com o [pé] direito. Temos agora mais dois volumes da série "A Grande Arte de Guimar Novaes". Os volumes seis e sete são dedicados aos "Noturnos" de Chopin. E se "Noturno" quer dizer "peça noturna", ninguém melhor do que Chopin cativou a Europa (e o mundo) com suas sonhadoras peças noturnas, compostas ao longo de toda a sua vida. Nenhum músico depois dele compôs noturnos que tenham permanecido no repertório nem sobreviveram os noturnos compostos por seus antecessores. E Guiomar Novaes foi uma pianista que melhor soube registrar estes "Noturnos", agora colocados ao alcance de nosso público. MICK FLEETWOOD excursionou pela África no início deste ano e como resultado o seu novo elepê ("The Visitor", RCA), foi gravado em Accra, Ghana, com um notável clima local. Músicos africanos participaram das sessões de gravações, além de uma presença especial, do ex-Beatle George Harrison. Dentro de tantas experiências de fundir o "pop" a raízes africanas, uma das mais bem sucedidas, nos parece, foi a que Fleetwood fez (e conseguiu) neste elepê dedicado e respeitoso para com a cultura do povo que o acolheu com tanto entusiasmo. JEFF LYNNE escalou as paradas com a trilha sonora de "Xanadu", o musical "roller" que trouxe o ainda ativo Gene Kelly e a jovial Olivia Newton-John num filme que conquistou o público jovem. Com sua Eletric Light Orchestra, Jeff Lynne ofereceu as músicas deste filme que ainda vem lotando os cinemas onde tem sido projetado. Aproveitando a trilha aberta, a CBS lança novo elepê do "Elo", apropriadamente intitulado "Time", com músicas que se integram numa linha temporal: "Twilight", "Yours Truly, 2095", "Ticheto to the Moon" até chegar ao "21st Century Man". Sem a pretensão das "super ópera-rock" de Wakeman, Jeff Lynne traz uma música suave, harmoniosa e inventiva. KIM MCAULIFFE (vocal e guitarra), ENID WILLIAMS (vocal e baixo), KELLY JOHNSON (vocal e guitarra), DENISE DUFORT (bateria), formam o GIRLSCHOOL, um dos pontas-de-lança dos chamados grupos de metais pesados. Em seu mais recente elepê, "Hit and Rum", chegaram [às] paradas americanas e agora a Ariola a traz ao Brasil, mostrando que o "rock-hard" não é privilégio dos marmanjos. Ao contrário... THE A'S é o nome de outro grupo pop que a Arista/Ariola coloca agora no mercado nacional. O grupo é da Pensylvania e antes da formação atual - como a que mostra as músicas do elepê "A Woman's Got The Power", sofreu várias modificações. A definição do The A'S foi dada pelo jornal "Rolling Stones": uma adaptação bem humorada e com estilo do rock dos anos 60 e início dos 70. DAVID LINLEY, 39 anos, um veterano guitarrista, cantor e compositor, que já caminhou com muitas estradas musicais com ilustres companhias, chega agora em seu primeiro elepê-solo, "El Rayo X" (WEA), onde esbanja ritmo e bom humor. Afinal, com uma quilometragem onde se destacam participações em elepês de James Taylor, Linda Ronstadt, Graham Nash, Rod Stewart, Warren Zevon e outros, é natural que Lindley seja um mestre na fusão de várias influências musicais mas sempre adicionando-lhes sua poderosa marca registrada. Assim, Lidsey pega, por exemplo, uma canção típica de Nashville como "Bye Bye Love", ou clássico ao sul como "Don't Look Back" e dá-lhes um tratamento de "reggae". É capaz também de mergulhar num "rock" descabelado como "Mercury Blues" ou num número "funk" de King Curtis, "Your Old Lady" ou insuflar pinceladas de "Mariachi" na faixa-título. LOBO - CARIBBEAN DISCO SHOW (Polygram) é o exemplo do disco-montagem produzido para ser exaustivamente gasto nas discotecas e descartado. No lado um, um "meddley" de 21:16', reunindo a monocórdica e balançante música estilo Caraíba, enquanto no lado 2, seis temas, estes já com uma certa divisão. Disco feito para consumo. THE VILLAGE PEOPLE é também um grupo de fácil consumo e seu "Renaissance" (RCA, 1981) tem tudo para embalar as danças jovens. Mais uma vez Jacques Morali aproveitou o estilo balançante, mas sem exagerar nos sons estridentes.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Nenhum

Coluna ou Seção: Jornal da Música

Página: 28

Data: 11/10/1981

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