Artigo em 20.12.1981
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de dezembro de 1981
Vez por outra, o jornalista Sebastião Nery tem falado dos políticos paranaenses em seu "Folclore Político", não só em livro, mas também na coluna Contraponto - possivelmente o espaço de maior índice de leitura da "Folha de São Paulo", em sua influente terceira página. Na sexta-feira, Nery contou uma estória bastante simpática em relação a um dos maiores nomes que o PTB teve no Paraná: o senador Abilom de Souza Naves. Uma estória que merece ser também conhecida dos leitores de O Estado.
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Souza Naves era diretor da Carteira Industrial do Banco do Brasil. Chegou a senador pelo Partido Trabalhista e morreu de colapso cardíaco, quando o homenageavam em Curitiba com um banquete, na campanha para o governo do Paraná. Incorruptível, não tinha a estima de um grande número de correligionários (deixou para a família 130 mil cruzeiros antigos numa conta bancária e um apartamento que ainda estava pagando).
Quando ainda era diretor do Banco do Brasil, entre na gabinete um líder trabalhista do segundo escalão, seu amigo:
- Naves, estou numa babanosa. Só de prestações do meu apartamento devo quatro. Mas você pode me salvar.
- Como? Você sabe que eu não tenho dinheiro para lhe emprestar.
- Não é isso que eu quero. Um amigo tem uma proposta de empréstimo aqui o Banco. Está tudo em ordem, segundo ele me disse. Mas não estão soltando os cobres. Prometeu-me uma comissão se eu conseguisse que você liberasse o dinheiro dentro de um mês. Souza Naves sorriu:
- Você é o primeiro sujeito que me procura para pleitear um favor e diz francamente que está levando o seu. Todos os outros, advogados administrativos, que vêm, juram que não ganham nada com a intervenção, que o fazem apenas para ajudar um amigo. Vou mandar buscar o processo. Se estiver em ordem, despacho.
Estava tudo correto e Souza Naves liberou o empréstimo numa semana.
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