Aventuras de Rosa, a vereadora na Amazônia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de fevereiro de 1989
A vereadora Rosa Maria Chiamulera voltou extasiada e preocupada do périplo que fez pela Amazônia. É que ao mesmo tempo em que se deslumbrava com a última grande reserva florestal do mundo a vereadora - que é médica-sanitarista - ficou desesperada com a situação em que vivem milhões de pessoas naquela distante região. Rosa ficou tão impressionada com o que viu que o plano inicial de, na volta, passar uns dias em Maceió, a convite do seu amigo, o governador Fernando Collor de Mello, acabou sendo adiado. Voltou direto para Curitiba - e agora está falando com todos os seus interlocutores do que fez e viu.
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De princípio, Rosa explica que a passagem para Belém do Pará foi um prêmio que ganhou no baile de Glamour Girl, de seu amigo Dino Almeida (em ano anterior, ela também havia sido premiada com uma passagem, só que internacional, que lhe possibilitou dar um giro na Europa). Agora, Rosa aproveitou um evento político-ecológico - a missa pelo primeiro mês da morte do líder Francisco Mendes, em Rio Branco, e juntou-se à caravana que a presidente do Instituto de Estudos Amazônicos em Curitiba, a antropóloga Mary Alegretti, organizou para prestigiar o ato.
Como não se vai com facilidade àquela região, Rosa aproveitou para conhecer de perto a realidade. Assim foi à cidade de Cruzeiro do Sul participar de um seminário organizado pelo Movimento Ambientalista Amazonas Verde Vida, "com o objetivo de conscientizar as pessoas quanto à preservação das florestas como obrigação de todos".
Depois, de barco, naturalmente, Rosa Maria foi até a Vila Porto Valter, no Rio Juruá e chegou até a reserva indígena das Araras, navegando pelo igarapé Riozinho Cruzeiro do Oeste.
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Problemas de malária e hepatite, observados na população, sensibilizaram Rosa que, de maleta em punho, levando amostras grátis e medicação de emergência, acabou atendendo uma índia portadora de hepatite, outra com malária (desde o 5o. mês de gravidez), além de um seringueiro que havia sido mordido por uma cobra venenosa há 45 dias e só por milagre sobreviveu.
A desativação do Projeto Rondon e da Sucam foram pontos que também preocuparam Rosa, que voltou fazendo sugestões federais: acha que as universidades do Norte e Nordeste deveriam realizar no Acre (por que só no acre?) um trabalho com estudantes na área de saúde, "no sentido de melhorar um pouco a qualidade de vida daquela população".
Esta sugestão ganhou manchete do Correio Brasiliense, cujo diretor, Ari Lopes Cunha, amigo de Rosa, fez mais do que publicar uma entrevista: entrou em contato com os proprietários do grupo Faculdades Objetivo de São Paulo para que patrocinem barcos "no atendimento à população ribeirinha do Acre, com auxílio de seus universitários".
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Agora na Câmara de Curitiba, Rosa já está preparando um projeto de lei criando o Rondon Urbano, pelo qual "os estudantes trabalharão na periferia, enriquecendo seus currículos". Jaime Lerner, diz a vereadora petebista, apoiou a idéia.
Devido a sua paixão pela Amazônia, Rosa foi uma das primeiras espectadoras do "Fronteira das Almas" (Cine Ritz), o filme que Hermano Penna rodou em Rondônia, há três anos, e que aborda a questão da luta pela terra e o abandono em que vivem os pioneiros daquela rica região.
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A propósito, Rosa Maria não está pensando em transferir seu domicílio eleitoral para Rio Branco. Rio Branco só o do Sul, na região metropolitana de Curitiba, um dos bons colégios eleitorais que Rosinha namora para, nas próximas eleições da Assembléia Legislativa, ajudar sua caminhada para uma cadeira de deputada
LEGENDA FOTO - Rosa Chiamulera entre uma família de seringueiros no interior do Acre.
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