Concorrência injusta
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de julho de 1977
A próxima inauguração da C & A, superloja de departamentos de poderoso grupo holandês, está preocupado não apenas com a concorrência - que terá a enfrentar a multinacional, com uma sistemática de marketing que visa basicamente oferecer os preços mais baixos, para conquistar a freguesia - mas inclusive certas áreas de representantes comerciais. A razão é simples: como grande empresa, que terá várias filiais no Brasil, a C & A vai concentrar suas compras em São Paulo, de forma que, em termos locais, nada acrescenta ao faturamento dos representantes.
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A propósito, este problema está preocupando os representantes de várias áreas: os grandes supermercados e lojas de departamentos, pertencentes a anônimas corporações, com escritórios centralizados, concentra todas as empresas diretamente nas fábricas, obtendo assim melhores preços, mas eliminando as chances de trabalho de numerosa classe. E o exemplo está frutificando, já existindo agora escritórios de compras, no Rio e São Paulo, para atender até médias e pequenas lojas do Interior, o que, a curto prazo, poderá levar muitos representantes, não só os autônomos mas mesmos os escritórios [organizados], [à] difícil situação.
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Enquanto que, de um lado, as grandes organizações comerciais tomam conta do mercado, com massificantes programas de ação, vão desaparecendo as lojas tradicionais, administradas de forma a familiar e, obviamente, despreparadas e incapazes de acompanhar o progresso. Um levantamento sobre a mudança do comércio, com a inversão das regras do jogo e as novas relações que se estabelecem, está na pauta para ser levantada numa tese de nível de mestrado, no curso de pós-graduação em história da Universidade Federal do Paraná.
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