CPI quer incomodar até memória de gente morta
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de abril de 1987
Reabrindo a CPI da Corrupção, que teve início no governo José Richa, o deputado Rubens Bueno (hoje secretário do Trabalho e Bem-Estar Social) como presidente, voltou a se falar no nome de Raul Juliato como um dos envolvidos em acusações. Ao menos por uma questão de respeito humano, os deputados deveriam lembrar que Raul Juliato já faleceu há mais de um ano de problemas do coração.
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Engenheiro-agrônomo formado pela Universidade Federal do Paraná, um dos poucos brasileiros especializados em enologia na França - país em que fez três cursos de alto nível - Juliato foi diretor por anos de uma estação experimental do Ministério da Agricultura em Campo Largo, onde desenvolveu notáveis projetos de pesquisa na área da enologia.
O ex-governador Pedro Viriato Parigot de Souza - um homem público acima de qualquer suspeita - era amigo de Juliato e o levou para ser diretor do Instituto Agronômico do Paraná, em Londrina. Nos anos em que Juliato ali trabalhou o Iapar teve também uma grande dimensão científica.
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Acusado - ao que tudo indica, injustamente - de atos de corrupção, Raul Juliato sentiu-se profundamente magoado - o que teve reflexos em sua já debilitada saúde. Morreu amargurado e triste, pois em troca de uma vida profissional dedicada a pesquisa científica no Paraná, foi moralmente ofendido - e sem maiores chances de defesa na época. Agora, volta-se a falar em seu nome, como se ainda estivesse vivo. No mínimo, os deputados deveriam ter o respeito por sua família - a esposa e filhos, que orgulham-se de Juliato, como pai, cidadão e, sobretudo um grande pesquisador na agricultura.
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