Cristina Ortiz mostra beleza das variações de nosso hino
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de outubro de 1991
Entre os virtuoses brasileiros que fazem carreira das mais brilhantes no Exterior, destaca-se a pianista Cristina Ortiz, hoje uma das mais requisitadas concertistas internacionais. A prova de seu prestígio está no CD que gravou com a Royal Philharmonic Orchestra, sob regência de Moshe Atzmon e que a London/Polygram acaba de colocar no Brasil. Incluindo a "Grande Fantasma Triunfal de Gottschalk", com as variações sobre o Hino Nacional Brasileiro, esta gravação traz três outras peças de maior importância, valorizadas por interpretações perfeitas. Assim, a abertura é com o concerto "Varsóvia" que Tichard Addinsel (1904-1977) escreveu em 1941 para o filme "Dangerous Moonlight", título que capta boa parte da música do deslumbrante pastiche de nove minutos de Rachmaninof - como acentuou o musicólogo Bryce Morrison na introdução. Retratando a vida de um pianista concertista polonês, seu início declamatório e radiante sucessão de melodias são feitas sob medida para os amantes da emoção hollywoodiana em sua faceta mais delicada e escancarada.
Em seguida, de Henry Litoff (1818-1891), compositor lembrado exclusivamente pelo Scherzo do Quarto de seus Cinco "Concertos Sinfônicos", que datam do início dos anos 1850. Já "A Grande Fantasia Triunfal" foi originalmente escrita por Louis Moreau Gottschalk (1929-1869) para piano solista em 1869. Tento Chris Hazell - produtor desta gravação - como Cristina Ortiz consideraram que o subsequente arranjo para piano e orquestra ao desaparecido Eugene Liszt, ressentia-se muito da ausência do estilo do compositor, relegando o piano, de modo perverso a um papel secundário. Assim recriaram juntos esta fantasia lisztiana com a devida firmeza, oferecendo uma visão refrescante do intermezzo chopiniano, a evocação de uma banda do Interior, uma marcha militar e uma irrupção frenética do ritmo dianistico de New Orleans, como escreveu Gottschalk um ídolo extrovertido. Foi também a primeira voz autêntica e pessoal na história da música para piano norte-americana.
Complementando esta gravação preciosa, temos o Concerto para Piano nº2 em Dó Menor, Opus 18, de Sergei Rachmaninof (1873-1943), peça que teve sua primeira apresentação integral no final de 1901, tendo o compositor como solista.
LEGENDA FOTO - Sergei Rachmaninof: concerto de piano pela brasileira Cristina Ortiz.
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