Em forma de oração!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de fevereiro de 1990
Desde quarta-feira, quando se confirmou a gravidade da doença de Elizete Cardoso, o Carnaval entristeceu. E todos os que amam a nossa melhor música colocam o seu pensamento positivo para que a Divina dê a volta por cima e se restabeleça.
Falar de Elizete Cardoso, cujos 70 anos a serem completados em 16 de julho, justificaria toda uma série de comemorações, é redundância.
Cantora maior, Dama da melhor música brasileira, esta carioca nascida em São Francisco Xavier, próximo ao morro da Mangueira, filha de um violonista e uma cantora afinadíssima, cresceu num ambiente musical e desde que Jacob do Bandolim (Pick Bittencourt, 1918-1969) a descobriu, aos 15 anos, cantando numa festa de aniversário, não parou mais de (en)cantar com sua voz pura, equilibradíssima - presente há 55 anos em nosso cancioneiro.
Uma artista da mesma dimensão de uma Edith Piaff na França ou Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan nos Estados Unidos, a enluarada Elizete nunca parou de cantar. Ainda no ano passado, o poeta, letrista e produtor maior, Hermínio Bello de Carvalho - com quem fez os seus melhores elepês - montou uma produção afetuosa, reunindo sua voz ao violão de Rafael Rabello, para um álbum que deve inaugurar as edições Belo Belo. Em São Paulo, também no ano passado, Zuza Homem de Melo, a dirigiu num belíssimo show e entre os projetos estava a de trazê-la a Curitiba, cidade na qual, em sua última apresentação, dentro do projeto Pixinguinha, há alguns anos, não teve o público que merecia.
A melhor homenagem que se pode fazer a Elizete é rezar pelo seu restabelecimento ao som de sua música. Não é justo que depois de Silvinha Telles, Dolores Duran, Clara Nunes, Elis Regina, Elsa Laranjeiras, Nara Leão e tantas outras, o Brasil perca mais uma de suas estrelas maiores.
LEGENDA FOTO - Elizete: pelo seu restabelecimento.
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