Espigão, um pintor sério
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de novembro de 1977
Seus amigos o chamam de "Espigão". E, sem dúvida, é uma das pessoas mais bem relacionadas da cidade, sempre sorridente, atencioso e simpático. Já foi burocrata, assessor palaceano e até diretor de assuntos culturais da SEC. Período em que por óbvias razões não pôde dedicar-se à pintura como gostaria. Mas há males que vêm para bem: o seu afastamento das esferas oficiais e mais o encontro com Mazé, musa inspiradora e administrativa, fizeram com que nestes últimos anos Wilson venha se dedicando somente à pintura. Com excelentes resultados. Uma média de uma grande mostra por ano, quadros disputados por marchands e um trabalho em evolução. Ontem, Wilson inaugurou uma importante mostra, "Marinhas e outras Paisagens", no Museu de Arte Contemporânea. Uma exposição necessária, quando tantos "artistas plásticos" - que como criadores são colunáveis nomes para deslumbrar grã-finas - aparecem pela cidade. Wilson prefere o ateliê do que salas de jantar e supérfluos coquetéis. O resultado é que o seu trabalho cresce e o seu público sério e consciente - aumenta. Fernando Velloso, diretor do MAC, homem que, felizmente, ainda consegue preservar aquela instituição, somente permitindo exibições de gente de valor, convidou Wilson para expor e o apresenta num belo catálogo, afirmando que Wilson "é um poeta que pinta, não só a beleza aparente das coisas, porém a síntese, através de uma aguçada percepção pessoal da natureza". E os seus panoramas marítimos, tema desta exposição, não são a versão pictural pura e simples da natureza, tal como ela é. Vão muito além, pois delas o supérfluo foi banido, restando uma síntese formal e calórica, cuja concepção apresenta soluções tecnicamente perfeitas e artisticamente admiráveis.
LEGENDA FOTO - Espigão.
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