Estranha exclusividade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de abril de 1991
A temporada de concertos da Sinfônica do Paraná, com uma série de compromissos agendados para este semestre, poderá ser interrompida por culpa da Secretaria Municipal da Cultura. A estranhíssima e inesperada decisão daquela pasta em exigir dedicação exclusiva por parte de quatro dos melhores músicos da Osimpa que também atuam na Camerata Antiqua de Curitiba, visa desfalcar a orquestra estadual de músicos indispensáveis para suas apresentações. Além das novas contratações estarem suspensas temporariamente, a substituição de três violinistas - Silvana Bermudes, Vanesa Savitski e José Carlos de Freitas - e do contra-baixista Luís Felipe Klein, é muito difícil. Estes quatro músicos - exemplo do que acontece com profissionais em outras cidades - participam simultaneamente da Câmera e Sinfônica. Embora não havendo necessidade de exclusividade (afinal, existem casos semelhantes em muitas das grandes orquestras do Rio de Janeiro e São Paulo), a Secretaria Municipal da Cultura está exigindo que haja uma "opção" definitiva, acenando com um salário um pouco maior do que eles ganham na Fundação Teatro Guaíra (Cr$ 130 mil).
Numa cidade pobre de orquestras - e nas quais deve ser dado aos bons músicos condições de livre trabalho - a "exclusividade" exigida pelo município (com a palavra do alcaide Lerner), é, no mínimo, mais uma mostra de como se prejudica os nossos bons profissionais. Além do mais, exclusividade por exclusividade, deveria ser exigido do regente da Câmera, o paulista Lutero Rodrigues, que mora em São Paulo (e ali desenvolve um sem-número de ocupações) que viesse para Curitiba e passasse a (sobre)viver apenas do salário que o município lhe paga.
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