Ettore, cineasta da melhor escola
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de janeiro de 1990
Hoje pode-se incluir Ettore Scolla, 59 anos, como um dos cinco mais sensíveis cineastas do mundo. Excelente roteirista de comédias sociais dos anos 50/60 - a partir de "Canzioni Di Mezzo Secolo", 1952, de Domenico Paolela - estrearia como diretor em 1964, em "Fala-se de Mulheres" (Se Permettete Parliamo di Donne), com Vittorio Gassman. A partir de então, não parou mais de realizar filmes bem sucedidos, em diferentes gêneros - de comédias como "O Comissário Pepe" (1969) e "Ciúme à Italiana" (1970) a dramas intimistas como o belíssimo "Um Dia Muito Especial" (Una Giornatta Particolare, 77), na qual voltou a reunir Sophia Loren e o seu ator favorito, Marcelo Mastroianni, que buscou para inúmeros filmes - desde o quilométrico (título) "Conseguirão os Nossos Heróis Encontrar o Amigo Misteriosamente Desaparecido na África?" até o elogiado "La Terrazza", de 1979, que há 11 anos se espera que chegue ao Brasil.
Com outro de seus atores favoritos, o comediante Nino Manfredi, fez um drama social pungente, embora em ritmo bem humorado - "Brutti, Sporchi e Cativi" (Feios, Sujos e Malvados, 1975). Nos anos 80, após "Um Dia Muito Especial", Scolla fez experiências diversas: o mergulho crítico ha história ("Casanova e a Revolução", novamente com Mastroianni), um filme sem diálogos, num mesmo cenário ("O Baile"), uma crônica de 80 anos na vida de uma família, também num único cenário ("A Família", 1986), além da comédia (que permanece inédita) "Maccharoni", 1985, reunindo Mastroianni e Jack Lemmon.
No ano passado, Scolla voltou às telas com "Chere Orea É?", adivinhem com quem: Mastroianni, é claro.
Para muitos seu melhor momento foi "Nós que Nos Amávamos Tanto", 1974, no qual reuniu um superelenco - Gassman, Manfredi, Mastroianni, Aldo Fabrizi, Stefania Sandrelli e até, num papel pequeno mas importante, Frederico Fellini.
LEGENDA ILUSTRAÇÃO - Personagens do filme, vistos no traço leve de Scolla.
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