O "songo" cubano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de janeiro de 1990
Mais um título na coleção "Cuba" que em boa hora a WEA criou para divulgar a música daquele país entre nós "Los Van Van" - nome que é sinônimo de escola de músicos. Na verdade, uma orquestra liderada há 22 anos pelo baixista Juan Formell, tem prestígio internacional, fez a bela trilha do filme "Los Pássaros Tirnadola a 1a Escopeta" (que representou Cuba no FestRio-87, mas que permanece inédito entre nós) e se caracteriza por fazer uma música extremamente dançante. Ouvindo-se Los Van Van, neste primeiro Lp que chega ao Brasil, sente-se, como escreveu Roberto M. Moura que "ao ouvir os arranjos e as harmonizações vocais é que o grupo se impôs como missão explorar entusiasticamente a perene vitalidade dos sons cubanos". Nos Los Van Van, enquanto o baixo de Formell guarda um certo charanguero, os violinos atuam mais como instrumentos de ritmo melódicos. No centro estão os trombones e uma guitarra nervosa. Nos extremos, de um lado, a percussão, do outro, as vozes. O resultado sonoro desta mistura os cubanos chamam de "songo". Um ritmo que reviveu e atualizou a música cubana: o contraste de timbres permitindo amplas variações ao trabalho orquestral de Formell. Um maestro-arranjador que ainda coloca músicas em poemas de Nicolás Guillén e traz composições de autores importantes da ilha de Fidel como Marisol Ramirez e Evaristo Aparecido.
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